São Paulo, domingo, 30 de março de 1997 |
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Agricultura tem restrição
DO ENVIADO ESPECIAL ELDORADO O governo de São Paulo criou em 1995 o Parque Estadual Intervales. Ponto para os ambientalistas, com o tombamento de parte da Mata Atlântica. Mas a solução de um problema acabou criando outro.As comunidades negras do Vale do Ribeira precisaram ou reduzir a extensão de suas roças, ou então cultivá-las bem longe dos olhos da Guarda Florestal. Em princípio, a lei foi pensada para coibir os grandes desmatamentos. O vale se presta para a pastagem, e a pecuária só se instala com a derrubada de árvores. Pela relativa pobreza do solo ou pela inexistência de adubos, os descendentes dos escravos adotam memorialmente o método do rodízio do terreno. Não plantam três anos seguidos no mesmo lugar. Quando não há plantio, a terra "descansa". Em seis meses de descanso já está com vegetação de um metro e meio de altura. É justamente o limite a partir do qual sua derrubada se torna um crime. O grupo de estudos criado pelo Estado propõe a redemarcação do Intervales, para que os quilombolas não sejam prejudicados. O argumento é de que poderiam prosseguir com seus métodos, porque, isolados por décadas, eles não afetaram a Mata Atlântica. Mesmo assim, são comuns incidentes como o ocorrido com Sebastião Furquim, 65, multado com a descoberta de sua roça de arroz. Analfabeto, ele assinou o auto da multa com a impressão do polegar. Texto Anterior: Benedita, 84, se tratou até os 60 com 'ervas' Próximo Texto: CRONOLOGIA Índice |
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