São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Governo espera que bancos voltem a priorizar crédito

Entrada de novo grupo deve impulsionar empréstimos

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
EDITOR DO PAINEL S/A

A internacionalização do mercado bancário de varejo, com a entrada do inglês HSBC e do espanhol Santander, é o primeiro passo para a criação de um sistema de crédito eficiente para pessoas físicas e pequenas empresas. A avaliação é do secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, José Roberto Mendonça de Barros.
"Com inflação, a economia roda sem crédito", diz Mendonça de barros. Mas com estabilidade, não.
"No mundo inteiro, o centro da atividade dos grandes bancos de varejo é dar crédito a pessoas físicas e pequenas empresas. E aqui também será assim".
Nesse segmento de mercado de crédito, os "spreads" (diferença entre o juro cobrado e pago) são altos, mas a competição é acirrada e exige, para reduzir custos, uma escala enorme.
E é justamente para o acirramento da competição que aponta a entrada do HSBC, que comprou a parte "boa" do Bamerindus, e do Santander, que comprou o Geral do Comércio, no mercado. "Além do posicionamento do Excel, que pretende ficar com uma fatia maior do que tinha o Econômico."
A "virada" do sistema bancário em direção ao crédito vai mudar muita coisa. Até a informática.
Foi a inflação que gerou a possibilidade da aplicação imediata de recursos no over e a transferência on-line de dinheiro."Mas isso não é mais decisivo", diz o secretário.
O que importa agora, afirma Mendonça de Barros, é montar um sistema informatizado de cadastro que permita, "ao custo de um toque na tecla do computador na agência, informar ao cliente se ele pode ter um crédito de R$ 10.000".
Indagado se não seria pedir demais aos bancos para investirem exatamente no momento em que se discute, por causa do déficit comercial, a possibilidade de um novo tranco no crédito, Mendonça de Barros foi enfático: "Para essa decisão é irrelevante o que vai acontecer no curto prazo".
Na construção de uma fábrica, compara Mendonça de Barros, que vai demorar dois anos, "o que realmente interessa é se o Plano Real vai continuar existindo ou não. Ou seja, se, quando o projeto maturar, a economia estará crescendo ou estagnada".
Para ele, as decisões do HSBC e do Santander apontam para aposta de continuidade do Real.
Segundo Mendonça de Barros, o HSBC terá um ano para mostrar a que veio. Conta a seu favor o fato de que a rede do Bamerindus é "leve" e não "pesada, como é a do Banco do Brasil".

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