São Paulo, domingo, 30 de março de 1997 |
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Cingapura passa por retoques para o GP
EDUARDO OHATA
Para os habitantes do conjunto habitacional Cingapura, localizado ao lado do autódromo de Interlagos, este é um período festivo. A vendedora Maria Julia Silva, 60, ganha mensalmente cerca de R$ 50 mensais. Ela teria de poupar os salários de pelo menos três meses para comprar a entrada mais barata para o espetáculo da F-1. Mas da janela de seu apartamento pode-se assistir -e de graça- a prova automobilística. Muitos parentes, inclusive alguns residentes no interior do Estado, vêm visitá-la nessa época. O evento também beneficia os moradores do Cingapura de outras maneiras. "A pintura dos prédios foi retocada há pouco tempo", aponta Maria, para logo em seguida engatar a explicação. "Acho que não ficaria bem os gringos verem a gente morando em lugares mal conservados." Maria acrescenta ainda que "de uns tempos para cá, nossa área ficou limpinha". Mas, segundo Maria, "as caçambas de lixo ficam por aqui só até o fim da corrida." Reclamações Os taxistas e ambulantes que trabalham em frente ao autódromo estão decepcionados. Os motoristas que fazem ponto no local não poderão permanecer em seu ponto habitual no domingo por determinação da CET (Central de Engenharia de Tráfego). "Durante o ano todo estamos aqui para servir", protesta Geraldo Pinheiro, 38, motorista de táxi. "Quando chega a hora de ganhar uma extra, não podemos." Os vendedores ambulantes somente poderão comercializar seus produtos a 500 m do autódromo. O camelô Joventino Pereira, 50, está desempregado desde o Plano Real. Ele possui uma barraca de caldo de cana em frente ao portão A do autódromo. "Queria aproveitar a F-1 para juntar um pouco de dinheiro, mas parece que não vai dar", lamenta Pereira, que sustenta cinco pessoas com R$ 450 mensais. Texto Anterior: Autoridade Próximo Texto: Hora errada Índice |
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