São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997 |
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CPI pode recomendar anistia, diz relator
DANIEL BRAMATTI
"A CPI não pode decidir sobre anistia de ninguém, mesmo porque não condena ninguém. Mas nada impede que sugira à Câmara e ao Senado, se aparecer algum Tommaso Buscetta nesse caso", disse o relator da comissão, senador Roberto Requião (PMDB-PR), ao comentar a manchete de ontem da Folha. Buscetta, mafioso que viveu no Brasil na década de 70, delatou vários líderes do crime organizado à Justiça italiana depois de fazer um acordo que o beneficiou. Requião negou que a CPI esteja negociando um acordo em troca de informações, especialmente para beneficiar Fábio Nahoum, um dos donos do Banco Vetor. "Anistia só existe a partir da Câmara e do Senado, não da CPI. E a iniciativa de propor acordos deve partir do Judiciário e do Executivo", afirmou. Na semana passada, em uma reunião com Requião e o senador José Serra (PSDB-SP), Nahoum fez várias revelações em caráter extra-oficial, que não constaram de seu depoimento à comissão. Afirmou, por exemplo, que o ex-coordenador da Dívida Pública de São Paulo Wagner Ramos afirmava tratar diretamente com o então prefeito Paulo Maluf, e não com o então secretário Celso Pitta -informação negada por Maluf. Quebra de sigilo A CPI deve aprovar nesta semana a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico de Pitta e dos secretários da Fazenda de outros municípios e Estados que emitiram títulos irregularmente. Alguns senadores querem abrir também as contas de governadores e prefeitos, mas a idéia não conta com a simpatia de Requião. "Se alguém propuser a quebra de sigilo de governadores e prefeitos, vou apoiar, como apóio qualquer iniciativa que amplie as investigações. Mas acho que não é o melhor momento para fazer isso." A comissão também vai decidir sobre a convocação de representantes de grandes bancos que atuaram como compradores finais dos títulos, pagando preços muito superiores aos pagos por corretoras que atuaram como intermediárias na operação. A senadora Emília Fernandes (PTB-RS) deve divulgar hoje lista de parlamentares que receberam ligações do Vetor. Segundo ela, há vários telefonemas para os prefixos 318 (Câmara) e 311 (Senado). Texto Anterior: Parecer não é de Malan Próximo Texto: Governo decide hoje se mantém teto salarial de R$ 10,8 mil Índice |
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