São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997 |
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Problema pode causar 'falso alarme'
NOELLY RUSSO
A alimentação parenteral é usada só em casos de pacientes em estado grave, incapacitados de se alimentar usando o aparelho digestivo. O preparado contém, em forma líquida, os nutrientes necessários para a sobrevivência. "A alimentação parenteral pode salvar vidas porque, em alguns casos, é a única maneira de alimentação possível. Pacientes que, por exemplo, perderam parte dos intestinos em um acidente de carro, a usam por muitos anos." Waitzberg diz que as mortes ocorridas por contaminação de algum microorganismo, como uma bactéria, nesse tipo de procedimento podem ser evitadas se os profissionais que o utilizam seguirem as normas estabelecidas para o mundo inteiro. "É muito difícil dizer se todos os hospitais brasileiros seguem as normas recomendadas. Infelizmente, há profissionais despreparados, que a aplicam e podem provocar a contaminação", diz ele. Segundo ele, especialistas geram custos para os hospitais, que nem sempre têm recursos. Laboratório "Claro que também existe o risco de uma contaminação ocorrer no laboratório. Mas essa possibilidade tende a ser menor." "Uma das grandes questões é exatamente essa: arriscar administrar os preparados por profissionais não-qualificados ou arriscar deixar que o paciente morra por não administrá-lo?" Para cem casos de morte provocadas por alimentação parenteral, apenas um foi provocado por laboratório, segundo o médico. A contaminação no preparo da alimentação parenteral pode ocorrer em diferentes momentos. Tudo deve estar esterilizado. "Desde a água, em que são misturados os nutrientes, até luvas e gorros, que precisam ser usados pelos manipuladores", afirma. Autocontaminação O próprio paciente pode contaminar o catéter (tubo de 1 mm de espessura, introduzido na veia do paciente, pelo qual chega o preparado ao sangue). "Se o paciente tiver uma infecção qualquer, os microorganismos vão se instalar no catéter. O líquido passa pelo catéter e contamina mais essa pessoa", diz ele. "Em uma investigação, pode-se concluir que os laboratórios que enviaram cada um dos componentes para o líquido e o hospital que os preparou seguiram as normas estabelecidas." Os profissionais especializados em alimentação parenteral vão se reunir em um congresso de 30 de novembro a 3 de dezembro, no Anhembi, em São Paulo. O encontro contará com a participação de especialistas do exterior, que vão discutir normas para evitar o contágio. 100 casos de morte provocada por alimentação parenteral, 2 a 4 foram causadas por contaminação do produto em laboratório Texto Anterior: Saúde apura mortes de mais 12 bebês Próximo Texto: Promotor vai pedir exumação de bebês Índice |
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