São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Garota de 6 anos é morta por cães no Rio

CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A menina Isabel Salcedo da Silva, 6, foi morta, na tarde do domingo de Páscoa, por três cães da raça pastor alemão. Ela pulou o muro da casa dos padrinhos, em Sepetiba (zona oeste do rio), e foi atacada pelos animais.
Parentes contaram que Isabel saiu de casa por volta das 16h, dizendo que ia à casa dos padrinhos -o aposentado Jorge Pereira Pinto e a dona-de-casa Tânia Barbosa-, para apanhar um brinquedo que havia esquecido.
Segundo parentes, a menina estava acostumada com os cães Xanele, Lobão e Barão, que estavam soltos no quintal. Por isso, não teve medo em pular o muro.
Ela foi atacada e arrastada pelos cães. O corpo desfigurado foi encontrado próximo à piscina da casa, completamente despido. Por isso, a madrinha chegou a pensar que a menina tivesse sido estuprada e abandonada no quintal. Mas essa versão foi descartada pelo IML (Instituto Médico Legal).
Às 17h, a mãe da vítima, a dona-de-casa Dulcinéia do Nascimento Salcedo, 39, procurava a filha. Olhou para dentro da casa dos compadres e viu as roupas de Isabel jogadas ao lado da piscina. Ela chamou o marido e os filhos.
O pai, o cobrador de ônibus desempregado Edson Fernandes da Silva, pulou o muro para verificar se as roupas eram mesmo da menina. "Os cães avançaram em mim, mas consegui afastá-los. Peguei Isabel no colo, mas ela já estava morta", contou o pai.
A criança tinha mordidas por todo o corpo. As maiores lesões foram nas pernas, no olho e orelha esquerdos. As mordidas fatais foram no pescoço e barriga, atingindo traquéia e esôfago, respectivamente. Também havia um corte na cabeça, provocado possivelmente pela queda do muro.
Revoltados, os parentes da vítima pretendiam linchar os cães. "A gente ia matá-los, mas o pessoal nos acalmou", disse Alan do Nascimento, irmão de Isabel.
"Não quero mais esses cães. Vou dar", disse o padrinho da menina.
A polícia abriu inquérito para apurar as circunstâncias da morte da criança.
Os donos dos cães podem ser indiciados por homicídio culposo ou doloso, segundo o delegado Ely Trindade, titular da 36ª DP (Delegacia de Polícia), onde o caso foi registrado.

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