São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Crédito ruim do Bamerindus é de R$ 4,3 bi

SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central assumiu a administração de R$ 4,3 bilhões em créditos duvidosos do Bamerindus com a intervenção na instituição, decretada no último dia 26.
Com a absorção do Bamerindus pelo Hongkong and Shangai Banking Corporation, o BC ficou com a administração da chamada parte "ruim" do banco paranaense.
Nessa parte "ruim" estão incluindo os empréstimos ou papéis cujo retorno é duvidoso. Essa parcela não ficou com o novo banco, o HSBC Bamerindus, que ficou com a parte "boa".
O volume desses créditos ainda não é oficial, mas a Folha obteve uma estimativa do valor junto a técnicos ligados à operação.
Para o novo HSBC Bamerindus, o BC transferiu R$ 10 bilhões em ativos e passivos seguros dos correntistas e aplicadores do banco.
Até amanhã, o BC cria comissão de inquérito para apurar as causas que levaram o Bamerindus à falência. A principal tarefa da comissão é investigar se houve ou não má administração ou irregularidades.
Seguradora
Os imóveis do Bamerindus, avaliados em R$ 400 milhões pelo BC, ainda serão divididos com o novo HSBC. Metade desse valor estimado em imóveis deverá ser utilizado para pagar débitos do antigo banco.
O novo HSBC Bamerindus prepara-se para comprar a Companhia de Seguros Bamerindus, não alcançada pela intervenção do BC.
Segundo o BC, o novo banco vai adquirir ações da seguradora em oferta pública que deverá ser realizada no segundo semestre.
Ao contrário do banco velho, o HSBC Bamerindus será uma empresa de capital fechado, controlada pela holding HSBC.
Com a intervenção no Bamerindus, o governo considera que terminou a fase de ajuste dos grandes bancos ao Plano Real, que atingiu também o Nacional e Econômico.
O ministro da Fazenda, Pedro Malan, e o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, já definiram com o presidente Fernando Henrique Cardoso que 97 será o ano para corrigir os desequilíbrios das instituições estaduais.
Sem comentar críticas
O britânico Michael Geoghegan não quis comentar as críticas do senador José Eduardo Andrade Vieira (PTB), ex-presidente do Bamerindus, sobre a lisura nas negociações do BC com o HSBC. "Os entendimentos com o BC foram confidenciais", disse.
Com base nas declarações de Vieira, a bancada federal do Paraná no Congresso deve se reunir hoje em Brasília para discutir a intervenção no Bamerindus.
Segundo o deputado federal José Borba (PTB), os parlamentares vão pedir informações ao BC sobre toda a transação com o HSBC.
"Caso as informações não sejam satisfatórias, vamos insistir na CPI do Sistema Financeiro", disse.

Colaborou a Agência Folha

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