São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Cafonice e balanço dão o tom

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

É tempo de "Discothèque". Embora carregue, como sempre, nas tintas do funk, Michael Jackson cria em "Blood on the Dance Floor" um ambiente bastante parecido ao do último clipe do U2.
A diferença é que o hábitat é bem mais cafona: há maracas, lambadeiros, clima de gafieira, dançarina de flamenco e Michael de trança atrás e todo vestido de vermelho.
Uma diferença dele em relação a ele mesmo: Michael está menos andrógino, talvez pela chegada do rebento. Mas os gritos continuam os mesmos, os passos de dança continuam os mesmos, o balanço continua o mesmo -aqui, remetendo, em música e letra, ao clássico "Billie Jean", de 82.
O que importa mesmo: "Blood on the Dance Floor", que não tem nada daquelas baladas de baleia que ele tem costumado fazer, reúne todas as melhores qualidades de Michael.
São elas, e todo mundo que tiver o olho aberto pode reconhecer: o funk é tão potente quanto todos os que ele lidera desde os Jackson Five; a perícia de interpretação continua sensacional, tanto quanto quando ele era fedelho e arrebentava em "ABC", com os irmãos.
Por último, ele continua -aqui, em clipe multirracial, com negros, japonesas e hispânicos- advogando um tipo de liberdade esquizofrênica, difícil de entender. É o que o faz -e o pequeno e insignificante novo clipe está aí para confirmar- manter-se figura-símbolo do mundo pop do fim do século.

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