São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Procurador nega ter calculado precatório

CPI pede que Procuradoria reavalie dívidas

CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FLORIANÓPOLIS (SC)

O procurador-geral do Estado de Santa Catarina, João Carlos Hohendorff, 48, disse ontem não ter participado da elaboração da lista de precatórios e nem de seus cálculos. Ele depôs na CPI da Assembléia catarinense.
Hohendorff confirmou ter sido apresentado a Nivaldo Furtado de Almeida, que fez viagens pagas pelo Banco Vetor a Florianópolis. Almeida trabalhou com Wagner Ramos na Prefeitura de São Paulo e é apontado como o responsável pelos cálculos.
Segundo Hohendorff, ele só se encontrou com Almeida uma vez, rapidamente, quando esse lhe foi apresentado pelo funcionário da Procuradoria Maurício Pasqualini, na rua.
Pasqualini, disse Hohendorff, foi encarregado pela Procuradoria de fazer um levantamento das dívidas judiciais do governo a pedido do diretor da Dívida Pública da Secretaria da Fazenda, Marco Aurélio Dutra.
O levantamento serviu de base para emissão de cerca de R$ 600 milhões em títulos. O Vetor levou R$ 33,2 milhões de taxa de sucesso pela operação.
O procurador-geral disse não ter ficado surpreso com o valor emitido -que corresponderia ao total de precatórios. Uma das principais atribuições da Procuradoria é defender o governo nesses processos, na tentativa de reduzir os valores a serem pagos.
Hohendorff afirmou que a Procuradoria não foi consultada no caso. Ele disse que não se lembrava de um pedido que, segundo a CPI, foi feito em novembro de 96 pelo procurador Carlos Dalmiro Soares, solicitando providências sobre a emissão.
O relator da CPI, Sérgio Silva (PMDB), solicitou a Hohendorff que a Procuradoria recalcule os valores dos precatórios. Hohendorff disse que, se ficar comprovado que o Estado teve prejuízo com a emissão, a Procuradoria tentará recuperar o dinheiro.
Wagner Ramos, apontado como um dos responsáveis pelo esquema dos precatórios, deve depor hoje na CPI catarinense.
O economista, que tinha chegada prevista para a noite de ontem, será acompanhado por um PM até o embarque de volta, previsto para as 20h30 de hoje.
O próximo envolvido a depor, no dia 7, será Guilherme Garcia, ligado ao Banco Vetor.
Processo
O governador de Santa Catarina, Paulo Afonso Vieira (PMDB), decidiu ingressar na Justiça contra o senador Esperidião Amin (PPB-SC).
Em entrevista ao programa local SBT Entrevista, anteontem, Amin disse que houve "roubalheira" em Santa Catarina.

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