São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Aposentados tentam barrar teto

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Conhecido como presidente do sindicato informal dos parlamentares, o deputado Nilson Gibson (PSB-PE) está disposto a desafiar hoje a estratégia governista e derrubar o teto de R$ 10,8 mil para quem, como ele, acumula o salário de R$ 8 mil no Congresso com uma aposentadoria também paga pelos cofres públicos.
"Posso assegurar que vamos ter número bastante de parlamentares contra esse teto", disse o deputado, um dos 17 inscritos até as 16 horas de ontem para discursar contra a reforma administrativa. Até esse horário, apenas dois defensores do projeto tinham entrado na lista de oradores.
O grupo de deputados aposentados teria entre 139 e 141 votos, segundo cálculos de seus integrantes."Esse número pode chegar a 210 deputados, se contarmos aqueles que estão na expectativa de se aposentar", sustenta Gibson.
"Não têm pena do Nilsinho?", repete o deputado, que disse receber R$ 2.632 como procurador aposentado e vive reclamando do salário. Ao lado de Gibson, os deputados Jair Soares (PFL-RS) e Wilson Braga (PSDB-PB) são os que mais reclamam da proposta.
A direção-geral da Câmara, que tem acesso às declarações de imposto de renda dos deputados, não fez um levantamento oficial do número exato de parlamentares que já recebem aposentadorias.
Na avaliação do governo, os deputados aposentados não têm votos suficientes para barrar o teto salarial.

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