São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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ACM e governistas querem 'intervenção' branca na CPI

LUCIO VAZ
FERNANDO GODINHO

LUCIO VAZ; FERNANDO GODINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Objetivo é reduzir o poder do relator, Roberto Requião

Líderes governistas e o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), preparam uma "intervenção branca" na CPI dos Precatórios. O objetivo é reduzir o poder do relator, senador Roberto Requião (PMDB-PR).
O caminho seria dar mais espaço para os sub-relatores, Vilson Kleinubing (PFL-SC) e José Serra (PSDB-SP). Eles elaborariam relatórios parciais e, depois, assinariam o texto final com Requião.
ACM comentou sua preocupação com o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES), e com o líder do PSDB, Sérgio Machado (CE). Depois, ligou para o presidente da comissão, Bernardo Cabral (PFL-AM).
O presidente do Senado afirmou aos líderes e a Cabral que está preocupado com supostos excessos e com a forma sensacionalista com que Requião estaria conduzindo os trabalhos da CPI.
Segundo ACM, isso incluiria o vazamento generalizado de documentos sigilosos, privilégios dados a alguns jornalistas e a antecipação de conclusões do relatório final.
O presidente do Senado disse o que pretende fazer na reunião da CPI marcada para hoje: "Vamos dar um rumo e chegar às conclusões que o povo espera. O povo quer conclusões efetivas, e não sensacionalismos desnecessários".
O líder do governo, Elcio Alvares (PFL-ES), apóia a ação de ACM. "Ele representa a instituição e interpreta o sentimento da maioria da Casa. Se a CPI for bem, será bom para a Casa. É legítimo que ele se preocupe."
Alvares defende a participação mais efetiva dos sub-relatores na elaboração do relatório final. "Nas outras CPI aconteceu assim. Eles podem fazer relatórios parciais, para ajudar o relator no seu parecer final."
Kleinubing disse ontem que ele e Serra terão uma participação efetiva na elaboração do relatório: "Eu vou fazer um capítulo, o Serra vai fazer outro".
Cabral tenta minimizar a participação dos sub-relatores. "É natural. Seria muito penoso para o relator fazer tudo sozinho. Os sub-relatores existem para auxiliar o trabalho do relator."
Eduardo Suplicy (PT-SP) foi dos poucos a defender Requião ontem. Disse estranhar que as críticas a Requião tenham começado depois que a CPI passou a investigar os grandes bancos e os esquemas de financiamento de campanha.

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