São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Presidente diz ter ficado indignado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem na abertura do 2º Congresso Brasileiro de Municípios que ficou profundamente indignado com as cenas de violência da Polícia Militar de São Paulo. Ele considerou inaceitável o fato de essas cenas continuarem ocorrendo.
"A indignação não é só da população, mas também do presidente, que ficou chocado com as imagens apresentadas pela TV ontem (anteontem) e, sobretudo, preocupado com a repetição de violências policiais no país contra pessoas inocentes", disse, minutos antes, o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral.
Ontem, no final da manhã, o presidente Fernando Henrique Cardoso aproveitou uma audiência marcada semana passada com o ministro da Justiça, Nelson Jobim, para traçar uma estratégia de ação do governo para tentar minorar o impacto da revelação dessa nova violência policial.
FHC, segundo Amaral, sabe que cabe aos Estados o policiamento e o controle sobre as polícias militares. "Mas isso não elimina a preocupação com as medidas que possam ser tomadas para evitar novas ocorrências", disse o porta-voz.
Após a conversa com FHC, Jobim foi até o presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), e acertou com ele a votação do crime que caracteriza a tortura -já aprovado pela Câmara- para esta semana, possivelmente hoje.
Noutra conversa, desta vez com o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), Jobim acertou com ele a aceleração da votação da emenda constitucional que repassa à Justiça Federal o julgamento de crimes contra os direitos humanos, como a tortura.
Autolimitação
O porta-voz disse ainda que a imprensa -"que tem desempenhado um papel importante na denúncia da violência"- deve autolimitar-se na divulgação de conteúdos violentos, tanto em matérias jornalísticas quanto na programação de TV.
"Há uma excessiva cobertura da atividade de delinquentes por alguns veículos, além de filmes e programas de TV que incitam a violência", disse Amaral. Ele não disse como o governo fará para estimular essa autolimitação, uma vez que a Constituição estabelece a liberdade de imprensa.
Segundo o porta-voz, "é preciso uma grande mobilização da sociedade, dos Estados e municípios, além do Judiciário e do Legislativo, para reverter esse quadro".
Sergio Amaral disse que Fernando Henrique não estava tão preocupado com a repercussão internacional da notícia -que ele já sabia ter sido grande. "Isso não preocupa tanto, mas sim o fato em si e a sua repetição", afirmou.

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