São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Argentinos tentam contornar a restrição

RODRIGO BERTOLOTTO
DE BUENOS AIRES

Enquanto os dois maiores sócios do Mercosul negociam para sair do impasse comercial, os empresários argentinos já estão se adaptando ao novo panorama após as restrições brasileiras às importações.
Entre as soluções para driblar a situação, as empresas estão desviando remessas, inicialmente programadas para o mercado brasileiro, para o Chile e o Peru.
Outra opção é reduzir o tamanho dos embarques ao Brasil para lotes com valores até US$ 10 mil, escapando da restrição.
A terceira alternativa: as multinacionais sediadas na Argentina já estão consultando suas matrizes para conseguir um financiamento mais longo para suas exportações.
Os produtos mais afetados na Argentina são os têxteis e os alimentícios. Neste último, muitos produtores argentinos de farinha de trigo e óleos comestíveis exigem há tempos o pagamento à vista e sem nenhum tipo de financiamento.
Os argentinos estão esperançosos que o Brasil crie uma exceção para os alimentos.
A expectativa foi criada a partir das declarações de Luiz Felipe Lampreia, ministro das Relações Exteriores, admitindo que poderiam surgir mais setores fora das restrições -antes, limitados ao petróleo e bens de produção.
Ontem, o secretário da Presidência, Alberto Kohan, afirmou que não existe crise dentro do bloco econômico do Mercosul.
"Isso se vai resolver sem a participação dos presidentes", disse Kohan.
Uruguai e Paraguai
As chancelarias e os ministérios da Economia do Uruguai e do Paraguai também estão pedindo ao Brasil que abra uma exceção e continue o crédito às importações dos produtos do Mercosul.
O chanceler paraguaio, Ruben Melgarejo, chegou a enviar uma cópia das queixas do país para seus colegas da Argentina e Uruguai.
Houve também contatos telefônicos sobre o assunto entre os ministros da Economia Roque Fernández (Argentina) e Luis Mosca (Uruguai).
A Argentina saiu na frente nas conversações, com a visita da comitiva de economistas e diplomáticos do governo a Brasília.
Na tentativa de conter seu déficit comercial, o Brasil terminou com os financiamentos de importações em prazo inferior a 360 dias.
Isso afetaria mais da metade das exportações dos sócios ao Brasil.
Em 1996, a Argentina exportou US$ 6,8 bilhões em produtos ao vizinho, o Uruguai vendeu US$ 2,4 para o mesmo destino, e o Paraguai comercializou US$ 1,1 bilhão.

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