São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Brasil e Argentina chegam a um acordo

DENISE CHRISPIM MARIN

DENISE CHRISPIM MARIN; RODRIGO BERTOLOTTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Detalhes da solução para impasse no Mercosul devem ser anunciados hoje por dois ministros

Brasil e Argentina decidem hoje a solução para a crise nas relações bilaterais provocada pela adoção, pelo governo brasileiro, de medidas de restrição ao financiamento às importações.
O ministro da Economia da Argentina, Roque Fernández, chega às 11h a Brasília. Ele deverá acertar os últimos tópicos do acordo durante almoço com o ministro da Fazenda, Pedro Malan.
Segundo o embaixador Sebastião do Rego Barros, secretário-geral do Itamaraty, a solução deverá ser estendida aos demais países do Mercosul (Uruguai e Paraguai).
As negociações de ontem, com a missão argentina que chegou antes a Brasília, começaram em clima tenso e se desenrolaram por seis horas. Ao final, ambas as partes firmaram pacto para manter sob segredo a solução -abrir exceção a esses países ou conceder compensações.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, disse que nada estava sendo antecipado para evitar efeitos no mercado.
A Folha apurou, em Buenos Aires, que o acordo pode incorporar alguns alimentos à lista de produtos que estão fora das restrições (petróleo e bens de produção).
A missão argentina também propôs que o Banco Central argentino financie as importações brasileiras de produtos de seu país, desde que houvesse o aval do BC do Brasil.
Equipe resiste
Antes do início das discussões, no Itamaraty, o ministro Pedro Malan (Fazenda) e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, mostraram-se contrários à alteração das medidas.
"Não estamos falando com a Argentina sobre isso", declarou Malan na manhã de ontem. "Não vejo essa possibilidade de abrir exceção à Argentina e a outros países do Mercosul", afirmou Franco, logo ao entrar no Itamaraty.
A ausência de Fernández nas negociações também colaborou com o clima de tensão. Na véspera do encontro, prevendo possível fracasso das reivindicações do governo argentino, ele decidiu não comparecer e falou durante 40 minutos com Malan por telefone.
Durante as discussões, os negociadores brasileiros explicaram que a circular 2.747 do Banco Central e a MP (medida provisória) 1.569, anunciadas na semana passada, permitiriam a eliminação da especulação gerada pelo mecanismo de crédito às importações.
Essas medidas definem que as compras externas com crédito de até 360 dias terão que ser pagas à vista, no desembarque.

Colaborou Rodrigo Bertolotto, de Buenos Aires

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