São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Monólogo é observado

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

O que distingue a mais recente versão cinematográfica de "Hamlet" das suas predecessoras é o fato de o texto estar inteiro lá.
Isso a tornou a segunda produção mais longa da história de Hollywood (238 minutos, cinco a menos do que "Cleópatra"). Mas, apesar de respeitar a íntegra do texto de Shakespeare, Branagh o modifica muito, na maneira como concebe visualmente a peça, encenada pela primeira vez em 1602. A ambientação, concebida por Shakespeare para o século 13, pula para a segunda metade do século 19. Isso dá a Branagh a chance de tornar um pouco contemporâneo o drama -sem tornar absurda a utilização do inglês original da Idade Média (como na recente adaptação de 'Romeu e Julieta').
A ação se desenrola principalmente na sala do trono do reino da Dinamarca, com paredes e portas espelhadas.
Diferentemente da versão de 48, em que a maioria das falas foi transformada em monólogos, tudo no filme de Branagh conduz ao confronto de personalidades.
Branagh consegue criar soluções originais para realçar sua interpretação do clássica monólogo "ser ou não ser", dito por Hamlet em frente a um espelho da sala do trono.
Sem que o personagem saiba, é observado do outro lado do espelho.
(CELS)

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