São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Sergio Viotti se desdobra em dez em peça

CASSIANO ELEK MACHADO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ator, escritor, jornalista, crítico de dança, ópera e teatro, programador cultural, locutor e tradutor. Sergio Viotti, 70, passou a vida se desdobrando em diversas atividades culturais.
A partir de hoje, ele passa a viver dez papéis todas as quintas, sextas, sábados e domingos, dias em que apresenta a peça "Humoresque", de sua autoria, no teatro Cultura Artística.
Cavaleiro das Artes e das Letras, título que recebeu este ano do presidente francês, Jacques Chirac, Viotti interpreta uma dezena de personagens no espetáculo solo.
"Humoresque" é um espetáculo curta e leve, assim como a composição do músico tcheco Antonin Dvorak (1841-1904) que deu nome à peça.
A palavra "Humoresque" também reúne duas idéias afins ao texto: humor e "burlesque", gênero teatral norte-americano popular no início do século que se aproxima do teatro de revista brasileiro.
Viotti representa um ator, chamado Toni, que ao longo da peça apresenta -e interpreta- amigos, amigas, sua secretária e seu psicanalista. "Contraceno comigo próprio."
O artista conta que sempre escreveu peças para pessoas que ama -já produziu dez textos dramatúrgicos-, mas "nunca havia parado para escrever para mim". "Achava que uma peça de Sergio Viotti com texto de Sergio Viotti seria um pouco demais."
Com 40 anos de palco, iniciados com a direção de uma peça em Londres, Viotti perdeu a vergonha de interpretar a si mesmo.
O texto composto por 34 páginas, que não dá margens a improvisos nem a "cacos", se estende por 1h20, "1h30 se o público estiver rindo muito".
Com um ímpeto criativo intenso, o artista diz que começa a escrever uma nova peça assim que estrear "Humoresque".
Na gaveta, ele já guarda uma peça, sobre a mulher do compositor Gustav Mahler, e quatro romances inéditos.
No começo do ano, os escritos de Viotti foram premiados pela segunda vez.
O artista havia ganho o Prêmio Walmap em 1969 pelo romance "E Depois Nosso Exílio", que será relançado ainda neste mês pela editora Francisco Alves.
Agora, Viotti recebeu uma bolsa da Fundação Vitae para desenvolver o segundo volume da biografia da atriz Dulcina de Moraes -o primeiro ele publicou em 1992.
Ainda em 1997, o artista "multimídia" lança um livro de contos (editora TopBooks) e traduções de biografias de Tenessee Williams e de Marlene Dietrich (Siciliano).
Atualmente, o artista também pode ser visto em duas novelas: Xica da Silva, em que interpreta o personagem "Conde da Barca", e Saul, judeu de "Kananga do Japão", que está sendo reprisada.

Peça: Humoresque
Com: Sergio Viotti
Direção: Dorival Carper
Onde: teatro Cultura Artística (r. Nestor Pestana, 196, Consolação, tel. 258-3616) Quando: hoje, às 21h; de qui a sáb, às 21h; dom, às 19h Quanto: R$ 20 (qui, sex e dom) e R$ 25 (sáb)

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