São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Delegado indicia os dez PMs de Diadema

OTÁVIO CABRAL
FABIO SCHIVARTCHE

OTÁVIO CABRAL; FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles foram flagrados extorquindo, torturando e dando o tiro que matou um civil no dia 7 de março

Dez policiais militares foram indiciados (acusados formalmente) ontem por crimes praticados na favela Naval, em Diadema, Grande São Paulo.
Todos participaram das cenas de violência gravadas na favela nos dias 3, 5 e 7 de março.
Na gravação os PMs aparecem extorquindo, torturando e disparando o tiro que matou o conferente Mário José Josino.
Além do homicídio, os PMs foram indiciados por tentativa de homicídio contra Jefferson Santos Caputi e Antonio Carlos Dias (que estavam no mesmo carro que Josino) e por infringirem outras "disposições legais", segundo José Alves dos Reis, delegado seccional de São Bernardo do Campo, responsável pela delegacia de Diadema.
Foram indiciados o terceiro-sargento Reginaldo José dos Santos, os cabos João Batista de Queirós e Ricardo Luiz Buzeto e os soldados Otávio Lourenço Gambra, Paulo Rogério Garcia Barreto, Rogério Neri Bonfim, Nelson Soares Silva Júnior, Maurício Gomes Louzada, Adriano Lima Oliveira e Demontier Carolino Figueiredo.
Nove dos dez acusados estiveram ontem no 2º DP (Distrito Policial) de Diadema. O único acusado que não apareceu foi Buzeto, que está foragido. O depoimento começou às 14h e terminou às 18h40. Até as 19h30, a polícia não havia revelado o conteúdo.
Por volta das 17h, o delegado seccional divulgou nota à imprensa comunicando o indiciamento.
Tumulto
Cerca de mil pessoas, segundo estimativa da PM, cercaram a delegacia durante os depoimentos.
Pelo menos 45 policiais participaram do esquema de segurança, cercando a delegacia para proteger os acusados, que chegaram em dois carros de polícia e em um ônibus da Tropa de Choque.
Uma das pistas da avenida Piraporinha, onde fica a delegacia, foi interditada desde as 14h, congestionando o trânsito na região.
Os manifestantes, vários deles moradores da favela Naval, carregavam faixas e gritavam palavras de ordem exigindo justiça e punição aos culpados (leia texto nesta página).
Na nota divulgada a imprensa, o delegado seccional pedia calma à população. "Conclamamos a população de Diadema que se mantenha serena e confie na efetiva aplicação da Justiça".
Seis delegados participaram do interrogatório, que acabou às 18h40. Depois, os acusados voltaram ao presídio Romão Gomes, da Polícia Militar, onde cumprem prisão temporária por 30 dias.

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