São Paulo, quinta-feira, 3 de abril de 1997
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Cromossomo artificial dá novo impulso para a terapia gênica

VANESSA DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de cientistas escoceses terem eletrizado o mundo com o primeiro clone de mamífero adulto, a ovelha Dolly, norte-americanos anunciaram ter "construído" o primeiro cromossomo humano artificial.
"É a primeira vez que isso funciona, que se divide a partir de DNA estritamente humano. Isso vai fornecer uma estratégia alternativa para a terapia gênica. Além disso, amplia a possibilidade de manipular e modificar cromossomos de mamíferos, em especial os do homem", disse à Folha Huntington Willard, um dos autores do estudo.
Cromossomos são as unidades que contêm a receita para a formação, o funcionamento e a produção de proteínas da maioria dos seres vivos.
Embora a ciência já saiba há muito tempo o que são e do que são formados os cromossomos -basicamente uma molécula de DNA e proteínas-, ainda não se conhece com precisão o que os cromossomos humanos precisam para "funcionar", isto é, para começar a se dividir.
É a duplicação dos cromossomos e sua posterior divisão que permitem às células passar as suas informações a outras células, o princípio básico da vida, chamado hereditariedade.
Além de permitir que os cientistas saibam um pouco mais a respeito do funcionamento dessas estruturas, o estudo, publicado na revista "Nature Genetics" por uma equipe da Case Western University e da Athersys Inc., ambas nos EUA, vai dar um novo impulso às pesquisas na área de terapia gênica.
A terapia gênica usa técnicas de engenharia genética para alterar ou substituir genes defeituosos. Genes são trechos do cromossomo que têm instruções para a fabricação de uma proteína. Excesso ou falta de proteínas, devido a defeito nos genes, causam várias doenças.
Esse tipo de terapia tem tido pouco sucesso. Um dos principais motivos é o fato de os "táxis" usados para levar os genes alterados para dentro do corpo humano serem inadequados.
"O cromossomo humano é um melhor veículo do que um vírus porque é mais estável", disse Willard. Além disso, cromossomos humanos seriam mais prontamente reconhecidos pelo corpo do que, por exemplo, um vírus, que corre o risco de ataque pelo sistema de defesa.

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