São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997 |
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Saída do GAP é um recuo para o alvinegro
MATINAS SUZUKI JR.
Quando o Grupo de Assessoria da Presidência do Corinthians acertou o patrocínio do Banco Excel para o alvinegro, ficou acertado que todas as decisões sobre a contratação de jogadores seriam tomadas juntamente com o GAP. Os empresários Ibrahim Eris, Eduardo Rocha Azevedo, Luiz Paulo Rosemberg e Emir Capez, que compõem o GAP, foram surpreendidos com a contratação de Antônio Carlos. Descobriram que a negociação vinha se dando diretamente entre José Mansur, vice-presidente de futebol do Corinthians, e o Banco Excel. Interpelado pelo GAP, Zezinho Mansur, que inicialmente negava as negociações com o jogador e com o Excel, respondeu: "Ninguém vai colocar em dúvida a minha autoridade". Foi a frase que detonou a saída do GAP do Corinthians. Mas as divergências entre o GAP, o Excel e Zezinho Mansur começaram em torno da manutenção (ou não) do técnico Nelsinho Batista. Faz algum tempo que o Excel pressiona pela saída de Nelsinho. Depois da derrota para o Juventude, a pressão passou a ser exercida também por Mansur. O GAP resistia à pressão argumentando que uma mudança de atitude na gestão do futebol deveria começar pelo não sacrifício do técnico pelos resultados ainda preliminares do novo trabalho iniciado. (O GAP também discordou do aumento que a diretoria corintiana concedeu a Marcelinho, considerado muito alto). Com as boas vitórias que o time conseguiu, especialmente a goleada histórica sobre o Guarani, a pressão sobre Nelsinho diminuiu (mas não há dúvida que continuará. O Corinthians lembra a famosa frase sobre um técnico de futebol americano: quando não há crise, isso é a crise). A saída do projeto do GAP é um atraso para o Corinthians, no médio e no longo prazo. E ela reforça um sentimento dessa coluna: a estratégia que o Excel mostrou com o futebol procura resultados rápidos. Nesse imediatismo, sacrificou a modernização pela aliança com o velhíssimo estilo de Zezinho Mansur e Paulo Carneiro, do Vitória. No mínimo, vai custar mais caro para o banco. * Sábado é dia de elegância no futebol. Eis a seleção de outro cultuador do estilo no esporte, Sílvio Lancellotti. Gilmar (vôos lembravam uma gaivota), Carlos Alberto (o mais charmoso desarme), Beckenbauer (classe até com a clavícula quebrada), Scirea (apelidado de "Banidera" pela liderança, categoria e simbologia), Nílton Santos (jogava 120 minutos sem desmanchar o topete; teve classe até para dar um sopapo em Armando Marques); Falcão (um monarca no meio-campo, com visão de 360 graus), Didi (brilhante até na adversidade), Dino Sani (jogava com régua e compasso na careca precoce) e Chinesinho (o maior matador de bola; aparava tiro de meta com uma doçura de criança); Cruyff (jogava por três) e Roberto Bettega (parecia estar sempre de terno e gravata). Texto Anterior: Apesar de perder, Candinho fica eufórico Próximo Texto: País do futebol Índice |
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