São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997 |
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FHC confirma Gregori e constrange Covas
IGOR GIELOW
A primeira medida da secretaria, segundo Gregori, será a reavaliação da estrutura das polícias militares no Brasil. "É um modelo que precisa de mudanças", afirmou o hoje chefe de gabinete do Ministério da Justiça. A indicação foi anunciada durante discurso de abertura de uma reunião da ONU em São Paulo, na qual a referência aos direitos humanos acabaram por constranger o governador Mário Covas. FHC falava sobre o tema da reunião da ONU, economia, desemprego e integração social, em discurso com tintas sociológicas. Após quase 40 minutos, tocou no último tópico. "Tenho que falar da questão dos direitos humanos", disse. Covas, sentado ao seu lado, abaixou a cabeça. "O tratamento (do tema) não pode ser um gesto de boa vontade. A violência não é produto da pobreza, é produto de seu enraizamento, da tolerância ao intolerável. Cabe ao governante, com perplexidade, protestar", disse FHC. Na sequência, aliviou o tom. "Outros dirão: quem são os responsáveis? Nós somos todos". Reação Após a cerimônia, Covas tratou de se defender. "Ninguém lembra, mas o Proar (o programa que tira das ruas por seis meses PMs envolvidos em mortes de civis) foi citado no programa nacional de direitos humanos como exemplo", disse. O governador, tucano como o presidente, disse que se sente bem informado pela PM e que não vê motivo imediato para a extinção da designação "militar". "O problema é outro. A PM não é necessariamente ruim. E qualquer mudança nesse sentido não seria antecipada, seria comunicada a vocês", afirmou Covas. Gregori O secretário indicado, José Gregori, afirmou que a prioridade zero do novo órgão é Diadema. "É lógico que a criação foi acelerada pelo ocorrido. Mas temos ainda outras pendências, como Carandiru (massacre de 111 presos pela PM) e Corumbiara (morte de sem-terra pela PM)", afirmou. Sua indicação, feita durante o discurso de FHC e com muitos aplausos, o animou. "Nunca vi uma indicação em público", disse. Na verdade, Gregori sonhava com um ministério autônomo, não com um órgão subordinado à pasta da Justiça. Texto Anterior: LIVROS JURÍDICOS Próximo Texto: ONU defende mudanças Índice |
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