São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Empresa vira 'objeto do desejo' de bancos

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Embraer, a ex-estatal fabricante de aviões instalada em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e o BarraShopping, um dos maiores shopping centers do Rio, têm aparentemente muito pouco em comum.
O elo de ligação é o grupo Bozano, Simonsen, que detém uma participação acionária tanto na Embraer (de 25,06% do capital votante) como numa cadeia de cinco shopping centers, que, em seu conjunto, abrigam 1.500 lojas.
O grupo é reconhecido basicamente pela sua atuação no mercado bancário por meio do Banco Bozano, Simonsen, mas seus investimentos fora do setor financeiro alcançam 30 empresas.
Hoje, o Bozano, Simonsen tem participação em companhias de setores como siderurgia -controla 12,4% da Cosipa (Companhia Siderúrgica Paulista)-, produção de fertilizantes, imobiliário e agrícola. No total, os ativos consolidados do grupo somam R$ 6 bilhões.
O caso do Bozano, Simonsen não é o único. Muitos dos grandes bancos privados nacionais têm hoje investimentos em outras áreas que não a financeira. E, na maioria dos casos, os investimentos cresceram nos últimos anos.
Interesse pela Vale
Em parte, o maior envolvimento dos bancos em outras áreas que não a financeira foi acelerado pela participação desses bancos em muitos casos de privatização.
O próprio grupo Bozano, Simonsen, por exemplo, tornou-se sócio de três das maiores empresas siderúrgicas nacionais quando elas foram privatizadas -hoje, mantém sua posição na Cosipa, tendo vendido sua parte na Usiminas e na CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão) no ano passado.
No processo de privatização da Vale do Rio Doce, considerado o maior negócio do ano no país, muitos bancos estão negociando sua participação em consórcios que pretendem entrar no leilão da empresa, marcado para o dia 29.
O Bradesco, impedido de participar como investidor, por ter feito parte do grupo que determinou as regras do leilão, poderá financiar o consórcio que está sendo montado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional).
Outros dois bancos, Safra e Garantia, também aparecem como candidatos a fazer parte de consórcios no leilão da Vale, tanto financiando os compradores como entrando como investidores.
O Banco Itaú também estaria envolvido nas negociações, como financiador do consórcio liderado pelos grupos Votorantim e Anglo American, segundo o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social).
Oficialmente, o Itaú diz que "o grupo Votorantim é um cliente tradicional e importante e que o banco o apóia nas suas necessidades de financiamento", mas não comenta operações específicas.
Pagando dívidas
Participação em privatizações não tem sido, contudo, o único caminho para que bancos se envolvam com fábricas, shopping centers, hotéis. Alguns compraram ou criaram empresas como diversificação de investimentos.
Em alguns casos, bancos assumiram companhias que eram suas credoras e não tinham condições de pagar os empréstimos.
Um caso recente é o do grupo João Santos, de Pernambuco, um dos maiores produtores de cimento do país. Uma das suas fábricas, no interior de São Paulo, passou para CSN, Votorantim e Bradesco.

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