São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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GM decide terceirizar produção de bancos até o fim do semestre

Fornecedora será filial brasileira da Johnson Controls

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A General Motors decidiu terceirizar a fabricação dos bancos usados no Corsa e demais modelos da marca. Até o final do primeiro semestre deste ano eles deixam de ser montados pelos funcionários da empresa nas unidades de São Caetano e São José dos Campos.
O kit completo -dois bancos dianteiros e o banco traseiro- será fornecido pronto para ser instalado nos carros pela filial brasileira da empresa norte-americana Johnson Controls, uma das líderes mundiais na produção de interiores de veículos -além dos bancos, fabrica painéis, tetos, maçanetas etc.
A Johnson venceu a concorrência com a Lear, outra gigante norte-americana do setor, que fornece 2.000 kits por dia para toda a linha da Fiat, em Betim (MG) e 70% dos bancos usados pela Volkswagen na fábrica da Anchieta, em São Bernardo. As duas empresas estão desde 95 no Brasil e repetem aqui a disputa que vêm mantendo desde os anos 80 pela liderança mundial do segmento.
Fase final
Nem a GM nem a Johnson confirmam oficialmente a assinatura do contrato. Mas fornecedores de componentes para a montagem dos bancos, que negociavam até agora com a montadora, já foram comunicados da mudança: a partir de agora terão de fornecer peças diretamente para a Johnson.
Stefan Bogar, diretor de manufatura da General Motors para todas as unidades do Mercosul, diz que o projeto de transferência da montagem dos bancos dos veículos da marca para um fornecedor externo está "na fase final". Mas não fala em prazos.
A GM é a única das quatro montadoras que ainda produz os bancos dentro da fábrica.
"Já terceirizamos vários serviços e muitos outros estão em estudo. O critério básico é a redução de custos. É preciso comparar quanto custa produzir dentro da fábrica com o custo de comprar de terceiros", explica Bogar.
O diretor da GM diz que 70% dos componentes usados atualmente nos modelos da marca já são comprados de fornecedores externos.
Na fábrica de São José dos Campos, onde a GM tem 11 mil funcionários e produz 1.100 veículos por dia, a montagem dos bancos ocupa atualmente 180 pessoas em três turnos. "A montadora sempre procura remanejar os funcionários quando terceiriza um setor", conta Paulo Roberto Gonçalves, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e funcionário da GM. "Mas há sempre o temor das demissões."
Just in time
A Johnson está há dois anos instalada em São Bernardo do Campo, ao lado da fábrica da Ford. É fornecedora mundial dos bancos para o Fiesta, que é montado no Brasil e na Espanha.
Para atender à linha de montagem da Ford, a empresa opera no sistema just in time. As entregas são feitas a cada 40 minutos, de acordo com a sequência de produção estabelecida pela montadora, o que exige a instalação de uma unidade perto da fábrica.
Em Minas, a Lear faz os bancos para a Fiat a apenas um quilômetro de distância da fábrica. "Os bancos são componentes muito grandes, que não devem ser transportados em grandes distâncias, nem podem ser estocados", diz Jorge Acácio, diretor de Recursos Humanos da Lear Corporation do Brasil.

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