São Paulo, segunda-feira, 7 de abril de 1997
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Polícia para quem precisa; O "neobobismo"; Seguro-saúde e cidadania; Multas reiteradas; Baixo padrão; Ensino e pesquisa; Bem comparando; Doação de órgãos; Pichadores unidos; Crimes, aqui e no exterior

Polícia para quem precisa
"O Brasil inteiro ficou estarrecido com as imagens de violência da Polícia Militar de São Paulo. A PM do Estado, pelo menos parte dela, ainda vive sob a filosofia dos ex-governadores Quércia e Fleury.
A Justiça tem em suas mãos a oportunidade de transformar o país. Se a punição for exemplar, o cidadão vai se sentir aliviado e quem sabe estimulado a denunciar atos semelhantes. Os maus policiais estarão recebendo um aviso de que nós brasileiros não toleramos a violência e a covardia."
Adriano Valério Gabardo, presidente do Instituto de Defesa dos Direitos Humanos (Curitiba, PR)
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"A tristeza, a dor, o ódio invadiram nossas emoções, do presidente da República até o mais simples dos cidadãos, querendo que a sanção penal recaia sobre os autores da barbárie.
Entretanto, a opinião pública está julgando uma instituição toda como se fossem bandidos, considerando-os todos culpados, bastando simplesmente estarem de farda ou então pertencerem à Secretaria da Segurança Pública. A sociedade não pode ser simplista."
Marco Antonio Augusto, capitão da Polícia Militar (São Paulo, SP)
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"O modelo de segurança pública do país tem de ser revisto prementemente, inclusive, com a discussão da unificação das polícias."
Márcio de Castro Nilsson (São Paulo, SP)

O "neobobismo"
"Acorda, Brasil! É preferível ser 'neobobo' com a Vale do Rio Doce do que burro sem ela."
Benjamim Teixeira Baeta (Belo Horizonte, MG)
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"Penso que 'neobobo' deveria designar todas as pessoas que não fazem uso de suas faculdades de questionamento e que acreditam cegamente em qualquer besteira associada a termo cujo prefixo seja 'neo'."
Vania Maria Felix Dias (Londrina, PR)
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"Visando clarear a ignorância 'neobobista', seria bom que se esclarecessem: injetar R$ 20 bilhões de dinheiro público para salvar três empresas privadas (no caso, bancos) faz parte do receituário neoliberal?
Os 6.370 competentes neoliberais do Banco Central não perceberam esses três probleminhas durante anos?"
Marco Antonio Silveira (Campinas, SP)

Seguro-saúde e cidadania
"Com relação à lei sobre os convênios de saúde, o Gapa BR/SP vem por meio desta manifestar-se favoravelmente. Enquanto o Estado de São Paulo resolve garantir os direitos de cidadania dos mais diferentes conveniados, discute-se de forma ambivalente e tendenciosa em Brasília quais serão os direitos das pessoas que em um determinado momento poderão adoecer e fatalmente recorrerão a esses serviços."
Wildney Feres Contrera, vice-presidente do Gapa -Grupo de Apoio à Prevenção à Aids (São Paulo, SP)

Multas reiteradas
"Na edição de 19/3, o sr. Adalberto M. Cardoso publicou artigo no qual tece considerações sobre o projeto de lei que dispõe sobre o contrato de trabalho por prazo determinado.
De modo geral, o autor critica o projeto, desenvolvendo a tese de que é vantajoso ao empregador desrespeitar o limite quantitativo previsto por esta modalidade contratual, pagando a respectiva multa.
O ponto nuclear da crítica do autor é o valor da multa prevista em relação a cada trabalhador irregular. Consoante os seus cálculos, pelo valor da multa é vantajoso para o empresário violar o limite quantitativo estabelecido pela norma, contratando, sob estas regras, um maior número de empregados por prazo determinado, cujo custo é, evidentemente, inferior ao do trabalhador sob contrato de prazo indeterminado, e pagar a respectiva multa.
Comete o autor equívoco extremamente simplório. Acredita que o pagamento da multa tem o condão de convalidar a irregularidade identificada.
Na realidade, a função da pena pecuniária é de inibir esse comportamento. Todavia, caso este ocorra, o seu simples pagamento não elide a irregularidade. Caso o empregador autuado pela fiscalização não regularize a situação, a ação fiscal terá continuidade e novas multas serão aplicadas, tantas vezes quanto for necessário, até a regularização definitiva."
Antonio Augusto J. Anastasia, secretário-executivo do Ministério do Trabalho (Brasília, DF)

Baixo padrão
"Antiga e conhecida anedota conta que um homem, ao saber que sua esposa o traía com o leiteiro no sofá da sala, tomou drástica providência: vendeu o sofá!
Lembrei-me dessa história ao ler os argumentos do ministro da Educação (26/3) defendendo o sistema de cotas nas universidades para estudantes provenientes de escolas de baixo padrão."
Nelson Vitiello (São Paulo, SP)

Ensino e pesquisa
"O artigo de Rogério Meneghini, 'A indissociabilidade entre ensino e pesquisa' (31/3), apresenta uma série de contradições. Mais grave, no entanto, é a falta de conhecimento de causa: desconhece a produção acadêmica das centenas de universidades norte-americanas, por exemplo, que não estão entre as '15 a 20 da costa leste e oeste'.
A dissociação entre ensino e pesquisa, propugnada pelo autor, não é aceita pela moderna literatura científica. Não se pode abandonar a sorte da ciência brasileira nas mãos de 'ensinadores' como esses."
Pedro Paulo A. Funari, professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Campinas (Campinas, SP)

Bem comparando
"Atribuir à Internet a culpa pelo suicídio em massa em San Diego é a mesma coisa que atribuir à tabela periódica dos elementos a responsabilidade pelo acidente nuclear de Tchernobil."
Lincoln de Assis Moura Jr. (São Paulo, SP)

Doação de órgãos
"Se não desejo doar meus órgãos, devo ser coerente e também registrar que não aceito a doação dos outros para mim.
Essa declaração deveria também ficar inscrita no registro de não doação."
Carlos Simões (São Paulo, SP)

Pichadores unidos
"Há poucos dias foi noticiado que calouros de escolas de nível superior ficaram incumbidos de limpar o monumento do Ipiranga.
Contudo, como contraste berrante, houve divulgação de notícia segundo a qual pichadores se encontram costumeiramente em determinado lugar para revelar feitos.
Está evidente, portanto, que são conhecidos e debocham vergonhosamente da comunidade. É preciso iniciar intensa coibição disso, em providência que não parece difícil..."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)

Crimes, aqui e no exterior
"Recado para os presidiários brasileiros: vocês não estão com nada! Da próxima vez cometam seus crimes longe do Brasil e terão tudo a que têm direito, como Lamia Maruf teve."
Lourdes Marques de Almeida (Uberaba, MG)

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