São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997 |
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Renato Braz persegue vozes negras em seu CD de estréia
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
"Cresci ouvindo esses cantores, e também Luiz Gonzaga, Dori Caymmi, Tim Maia... Mas não acho que minha voz seja parecida com as deles", afirma. Como seus prediletos, cita Elis Regina, entre as mulheres, e Tim Maia, entre os homens ("ele cantando 'Arrastão' é maravilhoso"); entre os mais novos, Mônica Salmaso, que participa de seu CD. Tem sido sempre autodidata. "Além das apresentações em bares e casas de shows, nos fins-de-semana, canto em casa diariamente, desde os 16 anos." Começou tocando bateria e logo passou ao violão. Fez trabalhos em publicidade ("mas sempre com música") e tocou em discos de Chico César, Eduardo Gudin, João Ricardo (ex-Secos & Molhados) e Vange Milliet. Seu trabalho exposto até o momento é sempre o de intérprete e instrumentista (faz quase toda a percussão do disco). "Tenho algumas composições minhas, mas não pensei em gravar ainda." O disco de estréia é, assim, resultado de uma seleção de canções e autores que ele vem fazendo desde o início da carreira. "Tem um pouco de tudo. O que me emociona, eu retenho e condenso." Aqui, escolheu músicas conhecidas de Luiz Gonzaga ("Assum Preto"), Dorival Caymmi ("Retirantes"), Silas de Oliveira ("Meu Drama"), Jackson do Pandeiro ("Cantiga do Sapo"), Dori Caymmi ("Porto", "Estrela da Terra") e até Chaplin ("Smile", na versão em português de Braguinha). Outra parte é de canções inéditas, de Guinga e Aldir Blanc ("7 X 7"), de Paulo César Pinheiro e Mário Gil ("Anabela") e de compositores de sua geração já em ascensão, Chico César ("Pagã") e Zeca Baleiro ("Bambayuque"). O elemento de conexão é, segundo ele, a simplicidade. "É a base do meu trabalho. Essa é a minha cara, a da tranquilidade", diz. No saudosismo ele encontra a outra pedra fundadora de sua obra -seja pela seleção de temas antigos (como "Onde Está Você", que Alaíde Costa gravou nos 60) ou pelo arcabouço de arranjos e instrumentos. "É importante ser saudosista. O novo não existe sem o passado", afirma o artista, apresentado à música pelos discos que o pai baiano, admirador de forró e sanfoneiros nordestinos, lhe apresentou. Texto Anterior: Músico opta por leitura moderna Próximo Texto: Invenção é pouca e boa Índice |
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