São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997 |
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O mais importante é o que restou na memória
CARLOS RENNÓ
Várias, se é que as começou, Gil pode nem ter acabado, como ocorreu com outras que chegaram até a ser editadas e das quais não há registros poéticos e/ou musicais, só os títulos. Algumas delas ele não finalizou e, às vezes, esqueceu o que fez. Isso ficou claro quando fizemos "Todas as Letras". Provavelmente é também este o caso de muitas da lista. Setenta por cento nem editadas foram, delas subsistindo, por enquanto, tão-só os nomes. De quase todas as editadas, não há nem sequer um registro de letra que pudesse estimular a memória de Gil. Regadas a maconha, quantas canções, criadas para a mera fruição diletante e deleitante do aqui e agora, não foram depois esquecidas, perdidas, sumidas do mapa, no nada? Esvaziávamos, assim, a mente; nem por isso ficamos com a cabeça oca como a ótica do crítico apressado e moderninho, mas passadista, aquém da poesia e da compreensão de uma canção simplesmente atual que Gil e eu compusemos sobre o... vazio. Por fim, é sempre bom lembrar que, por mais importância que tenha o que não ficou na memória, importante mesmo é o que ficou e se tornou memorável. E disso, a obra de Gil não é falta -é farta. Texto Anterior: "Cantiga" ficou perdida por 31 anos Próximo Texto: Canções ao mar Índice |
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