São Paulo, quinta-feira, 10 de abril de 1997
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"Arturo Ui" liga Brecht a CPI e sem-terra

DANIELA ROCHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O teatro Oficina abre espaço a novos diretores. Depois de Marcelo Fonseca, com "Baal", é a vez de Marco Antônio Braz, com "Arturo Ui", texto de Bertolt Brecht, que estréia hoje, às 21h.
Adaptado do original "A Resistível Ascensão de Arturo Ui" por Walderez de Barros, a montagem faz paródia de um quadro do Brasil atual: políticos que ascendem com ajuda da mídia e da classe burguesa, os sem-terra e o problema da fome, a CPI dos precatórios, a violência dos policiais, a TV do "Aqui Agora" -representada por uma repórter em cena e por monitores de televisão e telão dispostos ao longo do corredor do Oficina.
"Mesmo se tratando de uma paródia, de debochar disso tudo, a peça não é uma comédia", afirma o diretor.
Na peça original, Brecht faz uma paródia do movimento tirânico e da ascensão de Hitler. Nesta montagem, o movimento tirânico é substituído pela extorsão e pela corrupção. "Isso faz com que os descamisados optem pelo discurso fácil."
O personagem central, Arturo Ui, segundo o diretor, não exerce uma liderança solitária. Existe um mecanismo por trás dele, como existia um mecanismo por trás de Hitler.

Peça: Arturo Ui
Autor: Bertolt Brecht
Direção: Marco Antônio Braz
Elenco: Círculo de Comediantes
Quando: estréia hoje, às 21h; de qui a sáb, às 21h; dom, 20h; até 10 de junho
Onde: teatro Oficina (r. Jaceguai, 520, Bela Vista, tel. 011/606-2818)
Ingresso: R$ 10

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