São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Caso Diadema põe Jazadji sob 'holofotes'

Deputado vive 'melhores momentos' em CPI

RF
DA REPORTAGEM LOCAL

"É uma honra para mim ser um defensor da pena de morte", diz o deputado estadual Afanasio Jazadji, 45, desfrutando hoje um de seus "melhores momentos" na mídia como presidente da CPI do Crime Organizado.
Apesar de ter sido criada há dois anos, só nos últimos dez dias a CPI ganhou notoriedade, ao convocar soldados e oficiais envolvidos no caso de Diadema.
Jazadji é acusado por adversários de ter "atravessado" as investigações de outra CPI específica para investigar a ação dos PMs em Diadema -e da qual ele também é membro efetivo. "Estamos só colaborando", diz.
Advogado, radialista, jornalista, solteiro, o descendente de romenos russos afirma ter se "apaixonado" pelo mundo policial no início da década de 70.
Filho de operário, Jazadji é investigador. Aos 14, afirma, era um "garoto magrelo e de paz".
É um perfil bem oposto ao atual -pesa 120 quilos e passa boa parte de seus programas achincalhando criminosos e adversários políticos, como José Afonso da Silva.
Jazadji diz ser o "inventor" do termo "trombadinha".
Ele já passou pelas maiores emissoras de rádio de São Paulo. Atualmente faz boletins policiais diários na rádio Líder. Na última semana, os casos foram substituídos por resumos das atividades da CPI do Crime Organizado.
Jazadji começou no rádio disputando espaço com outro repórter policial, Gil Gomes, mas criou seu próprio estilo ao adotar bordões para atacar bandidos: "Ô, calhorda!"; "Canalha!"; e "Seu cafajeste batráquio!" viraram suas palavras de ordem.
Não ficou impune. Há cerca de quatro anos, seu gabinete na Assembléia virou um 'bunker". Sempre trancado, ninguém entrava antes de se identificar e ser revistado. O deputado-radialista Jazadji temia represálias justamente daqueles a quem atacava.
Afanasio Jazadji é hoje um homem rico, embora não revele detalhes do que conseguiu acumular como parlamentar (salário de R$ 6.000) e jornalista.
"Ganho muito mais como repórter do que como deputado", afirma ele, que hoje mora num confortável apartamento de US$ 300 mil no Ibirapuera e se prepara para mais alguns minutos de fama na CPI de Diadema.

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