São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
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Mostras movimentam centro da cidade

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

O poeta Mario Quintana, morto em maio de 1994, tinha uma predileção especial por um roupão atoalhado vermelho, comprado nos últimos anos de sua vida. "Agora sou um poeta famoso. Todo poeta famoso tem um roupão bordô", costumava dizer aos amigos.
O roupão, a bengala, os óculos, pequenos textos e bilhetes de amigos estão sendo mostrados desde ontem na exposição "A Cor do Invisível - Vida e Poesia de Mario Quintana", no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil).
A exposição sobre a obra de Quintana é apenas uma das que movimentam três grandes instituições culturais do centro do Rio a partir deste final de semana.
Ainda no CCBB está montada a exposição "O Brasil de Portinari". Ao lado do CCBB, a Casa França-Brasil apresenta uma retrospectiva com 80 obras do pintor Cícero Dias. Um pouco mais adiante, no Centro Cultural Light está montada a exposição "Louise Bourgeois - Desenhos", com 21 trabalhos da artista francesa.
"Nossa intenção foi a de mostrar o olhar de Quintana sobre o mundo, sobre o que o impressionava", explica Eloí Calage, amiga de Quintana e uma das curadoras da exposição sobre o poeta gaúcho.
Para organizar a mostra, Eloí e Gisela Magalhães, também curadora, buscaram os guardados de Quintana e descobriram pequenas preciosidades. Um exemplo: o poeta colecionava antigas notas de 50 cruzados novos -que estampavam o rosto de Drummond.
"Quando o dinheiro foi trocado, ele ficou triste porque Drummond iria para o lixo. Aí, passou a pedir aos amigos que mandassem as notas para ele", conta Eloí Calage.
Apesar de mostrar apenas reproduções da obra do artista, o grande mérito da mostra é apresentar trabalhos que jamais poderiam ser vistos pelo grande público.
É o caso dos painéis "Desbravamento da Mata" (pintado em 1941 nas paredes da Biblioteca do Congresso americano, em Washington) e "Fumo" (que fica no Palácio Gustavo Capanema, no Rio).
São 50 reproduções digitalizadas, feitas em impressoras de altíssima resolução -com capacidade de reproduzir até 18 milhões de tonalidades. A intenção do Projeto Portinari é gradativamente reproduzir pelo mesmo processo todas as 4.600 obras do artista já catalogadas.
Deste primeiro grupo fazem parte obras famosas como o painel "Café" (35), "Retirantes" (44) e os retratos de Manuel Bandeira (31), Mário de Andrade (35) e Carlos Drummond de Andrade (36).
A retrospectiva da obra do pintor Cícero Dias, 90, apresenta 80 quadros, representativos das diversas fases pelas quais o trabalho do artista já passou.
A exposição com 21 desenhos da francesa Louise Bourgeois, 86, tem curadoria de Paulo Herckenhoff e é a primeira na América Latina a reunir apenas desenhos da artista, feitos entre 1940 e 1995.

Exposição: Cícero Dias - Oito Décadas de Pintura
Onde: Casa França-Brasil (r. Visconde de Itaboraí, 78, tel. 021/253-5366)
Quando: ter a dom, das 10h às 20h
Quanto: entrada franca

Exposições: A Cor do Invisível - Vida e Poesia de Mario Quintana e O Brasil de Portinari - Exposição de Réplicas
Onde: CCBB (r. Primeiro de Março, 66, tel. 021/216-0626)
Quando: ter a dom, das 10h às 22h
Quanto: entrada franca

Exposição: Louise Bourgeois - Desenhos
Onde: Centro Cultural Light (av. Marechal Floriano, 168, tel. 021/211-4822) Quando: seg a sex, das 10h às 19h
Quanto: entrada franca

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