São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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PF prende índios que ocupavam a Funai

Tribo afirma ter sido vítima de violência

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sete índios xavante foram retirados ontem de madrugada pela Polícia Federal do gabinete da presidência da Funai (Fundação Nacional do Índio). Eles ocupavam o local havia dois dias porque queriam a demissão do presidente do órgão, Júlio Gaiger.
A ação da retirada foi realizada às 4h30 por 20 homens do COT (Comando de Operações Táticas), a equipe de choque da PF, atendendo solicitação do presidente da Funai, que contou com o aval do ministro interino da Justiça, Milton Seligman.
Os índios foram levados algemados para a superintendência da PF em Brasília, onde ficaram detidos durante cinco horas.
Dois índios, Tsuimé Abhoody e Wairairó, disseram que foram agredidos e empurrados pelos policiais, que teriam usado suas armas para isso. Segundo eles, o presidente da Funai acompanhou pessoalmente a ação da PF.
Tsuimé disse que não houve reação porque a manifestação era pacífica. Segundo ele, os policiais entraram com metralhadoras em punho e empurraram os índios com baionetas.
A ação da PF gerou a revolta dos demais índios xavante que estão em Brasília para acompanhar o protesto. Eles foram à sede da superintendência da PF para exigir a libertação dos índios. Novo incidente ocorreu na superintendência porque o índio Orestes Abtsiré não quis deixar o local. Ele foi retirado a força.
"Não era preciso esse exagero", reclamou o chefe indígena Aniceto Tsudzavéré, que comandou a invasão ao gabinete da presidência da Funai. Os índios ganharam o apoio dos servidores da Funai. Nota de uma comissão dos servidores do órgão classificou a ação da PF como um gesto de inabilidade de Gaiger.

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