São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Castor de Andrade morre aos 71 no Rio

Bicheiro teve parada cardíaca em ambulância

DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem o banqueiro do jogo do bicho Castor de Andrade, 71, às 18h30, na ambulância que o levava à clínica Prontocor, na Lagoa (zona sul do Rio).
Castor se sentiu mal em seu apartamento na avenida Atlântica, no Leme. Segundo o médico Nelson Senise, que prestou os primeiros socorros, Castor, que já estava debilitado, teve uma parada cardíaca durante o transporte para a clínica e não resistiu.
Seu corpo será velado na quadra da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel. O enterro está previsto para as 17h, no cemitério de Sulacap (zona oeste). Além de ser apontado como liderança máxima do jogo do bicho no Rio, Castor ficou conhecido por seu envolvimento com samba e futebol.
Ele era patrono da Mocidade Independente, onde será velado, e do Bangu Atlético Clube.
O bicheiro cumpria prisão domiciliar, autorizada pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça), por causa de doença cardíaca, conforme comprovou perícia.
Ele havia sido condenado a seis anos de prisão por formação de quadrilha e bando armado pela juíza Denise Frossard, do Tribunal de Justiça do Rio.
Castor respondia ainda a processos por suposto contrabando de equipamentos eletrônicos e corrupção ativa.
Em junho do ano passado, sua ex-mulher Ana Cristina Bastos Moreira, o acusou de ter ordenado seu assassinato. Castor negou e disse que ela estava querendo incriminá-lo, pois estava descontente com a partilha dos bens depois da separação do casal.
Antes de Castor conseguir o benefício da prisão domiciliar, em agosto, ele havia feito modificações para tornar sua cela no presídio mais confortável.
Ele havia instalado ar condicionado, TV, cozinha particular e cama especial. Castor também dispunha de um telefone celular. As regalias foram descobertas e foi instaurada uma investigação para provar se houve conivência da direção do presídio.
Castor, em entrevista à Folha em 94, disse não ser contra a legalização do jogo, desde que os atuais bicheiros tivessem prioridade para entrar no negócio.
Ele era radicalmente contra a estatização do jogo, pois dizia que o bicho era uma modalidade de loteria que poderia dar lucro ou prejuízo para o responsável. Para ele, o Estado não assumiria o prejuízo no dia em que a banca de apostas desse prejuízo para o banqueiro.
Mesmo sem poder ir até a escola de samba, Castor influiu no desfile da Mocidade Independente neste ano. Por telefone, ele deu orientações de como gostaria que fosse o desfile -os pedidos do bicheiro foram atendidos.

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