São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Receio de alta de juros derruba Bolsas

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

As principais Bolsas de Valores do mundo despencaram ontem empurradas pela expectativa de nova alta de juros nos EUA.
A Bolsa de Nova York caiu 2,3%. A queda acumulada nas últimas semanas consumiu a valorização observada neste ano, que em março, no pico, chegou a quase 10%.
O índice Dow Jones, termômetro mais observado da Bolsa, fechou em 6.391 pontos, depois de ter ultrapassado a barreira dos 7.000 pontos há cerca de um mês.
Em São Paulo, o mercado fechou em baixa de 2,2%.
A queda das Bolsas foi provocada pela divulgação de indicadores que mostram que o aquecimento da economia nos EUA pode causar pressões inflacionárias.
O índice de preços no atacado foi o que mais preocupou os analistas. A alta em março foi de 0,4%, muito acima da expectativa do mercado.
A reação do mercado a esse número foi tão forte que, nove minutos após sua divulgação, o mecanismo que interrompe as negociações da Bolsa para evitar quedas mais abruptas foi acionado.
O comportamento do atacado influencia o varejo e, portanto, a inflação. O índice de inflação será divulgado na próxima semana. Acredita-se que qualquer coisa acima de 0,3% seja preocupante.
Outro dado que ajudou a jogar a Bolsa para baixo foi o de vendas no varejo. A alta de fevereiro foi de 1,5%, e não de 0,8% como estimado anteriormente. Em março, houve avanço de mais 0,2%.
O Fed, banco central norte-americano, emite sinais ambíguos sobre a leitura que faz dos números.
Ontem, um diretor da instituição disse que, apesar do aquecimento -refletido no baixo índice de desemprego-, não previa gargalos na cadeia de produção devido aos ganhos de produtividade.
Se o Fed concluir que o aquecimento traz pressão inflacionária, vai aumentar os juros para esfriar a economia. Foi isso o que fez há três semanas, quando a taxa básica foi elevada em 0,25 ponto percentual, para 5,50% ao ano.
A próxima reunião do comitê de mercado aberto do Fed, quando decisões desse tipo são tomadas, está marcada para 20 de maio.
Mas os juros de mercado já estão subindo. Ontem mesmo, os títulos do Tesouro com 30 anos de prazo chegaram a 7,17% ao ano, o nível mais elevado em nove meses.
A perspectiva de alta dos juros valorizou o dólar no mercado internacional. Isso ocorre porque investidores no mundo todo passam a se interessar mais pela remuneração proporcionada pela moeda norte-americana. Maior a demanda, maior a cotação.
Esse mecanismo ajuda a entender por que a tendência é desfavorável à economia do Brasil. Dólares aplicados no país tendem a migrar de volta para os EUA.
O governo brasileiro tem procurado minimizar a influência dos juros nos EUA. A equipe econômica diz que se a alta for pequena não fará diferença e, se for grande, afetará negativamente o mundo todo, e não apenas o Brasil.

LEIA MAIS sobre Bolsas e mercado financeiro na pág. 2-11

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