São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Livro defende democratização das telecomunicações

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil deveria mudar radicalmente o rumo da reforma do sistema nacional de telecomunicações, mantendo a Telebrás sob o controle nacional e usando esse sistema como instrumento para a distribuição da renda e da riqueza do país.
Em poucas palavras, é essa análise que Marcos Dantas faz em "A Lógica do Capital-Informação", livro que a editora carioca Contraponto está lançando.
No prefácio, a economista e deputada federal Maria da Conceição Tavares (PT-RJ) resume o objeto do estudo de Dantas, que é professor universitário no Rio de Janeiro e dá assessoria à Fittel (Federação Interestadual dos Trabalhadores em Comunicação).
O maior mérito do livro, observa Conceição, é chamar a atenção para a urgência da discussão sobre a democratização dos meios de comunicação no país.
O tema ganha importância justamente pelas características que esse setor assumiu nos países desenvolvidos, especialmente nos EUA, e que, considera a economista, está servindo de referência para o país.
"A lógica da 'desregulamentação' norte-americana vem servindo de modelo institucional para o Brasil, embora outros países centrais tenham sido mais cuidadosos no desmonte de seus sistemas públicos de telecomunicações", considera Conceição em seu texto.
Monopólio x oligopólios
Marcos Dantas inicia sua análise contando um pouco da história da indústria das telecomunicações, da sua gênese ao estado atual.
Dantas demonstra, por exemplo, como foi o processo de formação dos cartéis que dominam essa indústria nos EUA e como o Brasil, ao longo da sua história, reagiu ao cenário internacional, criando o monopólio estatal para o setor.
Para Dantas, o programa de desregulamentação e de privatização das comunicações, que o governo federal leva a cabo, tem um problema de origem: traz consigo a lógica das grandes empresas de capital privado -as "corporações-redes", como o autor define.
Com isso, as empresas de comunicação sempre procurarão ir atrás dos "nichos de mercado", deixando de lado as regiões menos desenvolvidas e, por tabela, qualquer compromisso de caráter social.
Assim, Dantas defende que a democratização das telecomunicações se dê em todos os níveis: na produção e no desenvolvimento das tecnologias; no gerenciamento e no acesso às informações.

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