São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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PR quer recuperar liderança do café

MARCELO NEGROMONTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O café no norte do Paraná está "renascendo", depois de anos de baixa produção, graças à técnica do plantio adensado.
A previsão do Departamento de Economia Rural (Deral) é uma safra de 85,8 mil t este ano, 28% maior que a de 96 e a maior desde 93.
O secretário da Agricultura do Paraná, Hermas Brandão, é mais otimista. "Devemos superar 1,8 milhão de sacas produzidas (108 mil t)", afirma.
No plantio adensado, técnica do Instituto Agrônomico do Paraná (Iapar), mais pés de café são plantados na mesma área.
"No plantio adensado são plantados de 6 mil a 12 mil pés por hectare. Na técnica tradicional, esse número é de 2.500 plantas por hectare, no máximo", afirma Armando Androcioli, líder do Programa Café do Iapar.
Nessa técnica praticamente não há espaço entre as plantas. O fator limitante é o tamanho da copa, que é de cerca de 2,5 m. O espaçamento do plantio tradicional é de 4 m.
A produtividade também é alta: 50 sacas/ha, em média, contra 10 sacas/ha, no plantio tradicional.
Há casos em que a produtividade ultrapassa 100 sacas/ha. Uma plantação de 6 ha na região de Grande Rios (norte do Estado), visitada por Nelson Menoli, diretor da Associação de Cafeicultores de Grandes Rios, deve produzir 110 sacas/ha.
"Todo cafezal implantado hoje no Paraná é adensado", afirma Menoli.
Segundo o Deral, existem 12 milha de café adensado em todo o Estado, cerca de 9% do total.
O secretário da Agricultura estima que em 98 o Paraná deverá ser o segundo maior Estado produtor de café, atrás de Minas Gerais.
Atualmente, o Paraná, que chegou a produzir 25% do café mundial na década de 60, é o quinto maior produtor do Brasil.
Custos
O custo de produção de uma lavoura de café adensado é maior do que o da tradicional, se comparado em relação à área. E mais baixo, se a referência for o gasto por saca beneficiada.
O custo por hectare de café adensado é alto. "O valor varia entre R$ 2.500 e R$ 3.000 por hectare", segundo Androcioli.
No plantio tradicional é, em média, de R$ 1.300/ha.
Já o gasto por saca de café adensado é de R$ 40, enquanto que o tradicional é de cerca de R$ 64, segundo a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar).
Segundo Menoli, a rentabilidade líquida do adensado, aos preços atuais, é de R$ 158/saca, o dobro da do tradicional.
O custo de manutenção é baixo.
"Há uma maior quantidade de insumos utilizados, mas não é preciso capinar nem arruar, já que praticamente não nasce mato nessas plantações, e a mão-de-obra é otimizada", diz Menoli.

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