São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997 |
Próximo Texto |
Índice
Polícia é alvo de 2,3 mil queixas no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
Os dados fazem parte de uma pesquisa realizada por especialistas do Instituto de Estudos da Religião (Iser), tendo como base as 144 mil ligações computadas no ano passado pelo Disque-Denúncia. Segundo a antropóloga e cientista política Jacqueline Muniz, 33, que participou do estudo, esses dados demonstram que atitudes ilícitas de policiais, como o espancamento de moradores da Cidade de Deus, não são "casos isolados nem esporádicos". Na opinião de Muniz, "o que se pode dizer hoje é que não há mecanismos externos de controle policial". Vinte por cento dos telefonemas foram considerados perdidos: eram trotes e enganos. O maior vilão do Disque-Denúncia foi, portanto, o próprio serviço público. A população telefonou para reclamar da falta de luz ou de água, do orelhão quebrado ou para saber como resolver problemas que deveriam ser encaminhados a delegacias ou aos bombeiros. Entre as denúncias de atitudes criminosas, as que envolviam acusações contra policiais de extorsão ou corrupção chegaram a 4,12%. Denúncias de homicídios ou grupos de extermínio foram 5,37%. "Não é uma relação direta, mas, muitas vezes, há também policiais envolvidos em grupos de extermínio. Os números, embora pareçam baixos, são muito reveladores." Segundo ela, boa parte da população ainda associa o Disque-Denúncia à polícia, o que faz com que muitos dos denunciantes em potencial temam represálias. Na avaliação de Jacqueline Muniz, o alto índice de queixas contra as empresas prestadoras de serviços públicos revela o que ela chama de "desordem pública": a falta ou a má qualidade dos serviços ofertados à população. O Disque-Denúncia foi implantado no final de 1994. Hoje, tem 12 computadores e funciona no pré dio da Secretaria da Segurança, 24 horas por dia. O número é (021)253.1177. Quem liga não precisa se identificar e recebe um código para completar as informações ou checar o andamento da denúncia. O assessor de imprensa da Secretaria da Segurança, Airton Baffa, disse que a secretaria investiga todas as denúncias contra policiais. Próximo Texto: SP esclarece 14% das denúncias anônimas Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |