São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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A educação é o alicerce do futuro brasileiro

LUIZ GONZAGA BERTELLI

O sistema educacional brasileiro há muito vem exigindo dos poderes constituídos, reflexos e revisões dos aspectos relacionados à formação das futuras gerações de profissionais que, inegavelmente, poderão impulsionar o país para novos patamares de desenvolvimento tecnológico, econômico e social.
A educação tecnológica no Brasil tem uma história de quase um século, refletindo a evolução técnico-industrial e sócio-econômica da nação e, mesmo sendo objeto de estudos criteriosos nos últimos 20 anos, ainda está exigindo ajustes em suas bases e conceitos, em face das reais necessidades e disponibilidades de estudantes, instituições de ensino e do mercado de trabalho.
Preocupado com esta problemática, o Ministério da Educação elegeu como uma de suas prioridades, para este ano, a reforma do ensino técnico; já se encontra no Congresso Nacional o projeto de lei sobre a educação profissional, que tem por objetivo capacitar e qualificar os alunos, integrando o processo de ensino ao trabalho e dando condições para o desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva.
A educação profissional é estratégica para o desenvolvimento sustentado, que requer, entre outras bases, pessoal qualificado.
A qualificação do trabalhador exige, atualmente, em função de aspectos como competitividade e avanços tecnológicos, não apenas treinamentos específicos, mas sobre tudo, uma base sólida de conhecimentos, atitudes e habilidades, que só poderá ser construída a partir de uma consistente educação geral.
Na competição internacional, nosso país está em total desvantagem, especialmente no fator "educação"; a qualidade do nosso ensino tem sido um entrave para o desenvolvimento tecnológico da nação.
No Brasil, com uma população economicamente ativa estimada em 7,1 milhões de pessoas, apenas 20 milhões concluíram o ensino médio e 5 milhões apresentam for mação universitária, o que indica que existem cerca de 46 milhões de trabalhadores brasileiros sem preparo suficiente para atuar em empresas modernas, ou mesmo sem condições de uma requalificação profissional adequada, pois 19 milhões são analfabetos.
A educação está melhorando, em comparação com algumas décadas passadas.
O número de estudantes matriculados em cursos de 2º grau ou superior aumentou consideravel mente e o número de analfabetos tem sido reduzido anualmente. No entanto, em relação a outros países, a mão-de-obra brasileira está muito mal posicionada.
O maior desafio que o Brasil terá de enfrentar, às portas do século 21, será indubitavelmente o da educação. Chegou a hora de enfrentarmos este desafio, pois não existe avanço tecnológico ou modernidade que funcionem bem sem cérebros bem preparados.
Em relação ao ensino superior, a situação também requer medidas urgentes. Em diversos países da América Latina, 20% ou 30% da população jovem continua estudando após o nível médio. No Brasil, não conseguimos ultrapassar 10%. O ensino superior não se expande há mais de 15 anos, dificultando inclusive o aumento da produtividade geral do país.
Está claro que o mundo do futuro exigirá muito educação e profissionais polivalentes, multinacionais, alertas, curiosos - pessoas que se comportem como alunos interessados o tempo todo; os locais de trabalho e a própria casa parecerão escolas, onde se estuda e se aprende de forma continuada.
No entanto, a educação não é tarefa apenas do governo, mas de toda a sociedade e o tempo presente está exigindo a procura solidária para o encontro de soluções realistas. É preciso incrementar a parceria educação e trabalho para supriras necessidades de tecnologia e de formação de profissional; o que, pode ser conseguida através de eficientes programas de estágio para estudantes .
Nós compartilharmos da tese de que a escola e a empresa precisam aprimorar seu papel na sociedade, como agentes de uma parceria que se insere no contexto da função social de ambas, é desta parceria que se formarão gerações de profissionais capazes de enfrentar os desafios do futuro.

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