São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
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'Vestido de Noiva' aproxima EUA e Brasil

ADRIANE GRAU

especial para Folha, em Los Angeles
O dramaturgo Nelson Rodrigues desfrutou do privilégio de ter suas peças encenadas nos mais importantes teatros brasileiros, antes de morrer, em 1982. Cerca de meio século depois de escrita, seu filho Joffre Rodrigues, que mora no Rio de Janeiro, foi até Los Angeles para assistir à produção de "O Vestido de Noiva" em inglês.
A montagem norte-americana da peça está recebendo atenção da crítica especializada e lotando a platéia do Theatre Forty, em Beverly Hills, onde fica em cartaz até 27 de abril.
"Eu fiquei absolutamente turbilhonado de emoções", afirma Joffre Rodrigues, após ter assistido a "The Wedding Dress". "Era o sonho da vida do meu pai ser levado para os EUA."
Joffre traduziu para o inglês várias peças de seu pai. Segundo ele, "Toda a Nudez Será Castigada" gerou interesse de outros grupos de teatro locais, e "Valsa nº 6" será montada na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), em breve.
Paul Warner, diretor da peça, conta que ele e Joffre trabalharam em conjunto para levar aos palcos americanos uma versão que aproxima a experiência brasileira da sociedade americana.
"No Brasil, a peça é considerada tão sagrada que nenhum diretor a teria montado como Paul montou", afirma Joffre.
O diretor buscou nos figurinos dos anos 50 e nas músicas originais dos filmes de Hollywood daquela época o denominador comum entre as sociedades dos dois países.
Apontada como "escolha do crítico" pela "Drama Logue", "melhor aposta" pela "Nightlife Today", "escolha principal" da revista "Frontiers" e "escolha da semana" pelo jornal "LA Weekly", a peça pode ser levada para a Broadway.
Segundo Paul Warner, as duas últimas semanas em cartaz servirão para que produtores de teatros maiores tenham chance de assistir a "The Wedding Dress".
"Gostaria de levar a peça para Nova York ou San Francisco, onde o publico é mais sofisticado", diz.
Joffre Rodrigues, que já dirigiu e produziu "Bonitinha, mas Ordinária" e "A Falecida", prepara-se para levar "O Vestido de Noiva" para o cinema.
Segundo ele, a universalidade da obra de Nelson Rodrigues pode ser percebida pelo riso nervoso que surge na platéia norte-americana, assim como na brasileira.
"Meu pai sempre dizia que quem ri nervoso é porque está rindo errado", afirma.
"Mas não condenava quem ria durante suas peças trágicas, só dizia que era um cacoete da platéia atingida pela obra. Acho que, na Broadway, vai ficar todo mundo tonto."

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