São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mostra celebra cultura jovem dos anos 90

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Uma das mais importantes exposições montadas em Londres no ano passado chega a São Paulo no próximo mês. "JAM - Style, Musicand Media" aporta na cidade por intermédio da Cultura Inglesa e do British Council.
Em termos de cultura jovem, a mostra é definitiva. Trata-se de verdadeira imersão na produção recente dos londrinos, em todas as suas áreas de expressão.
Fotógrafos, estilistas, designers gráficos, artistas multimídia, atores, compositores, produtores de música e modelos -entre outros envolvidos com as obras, aparecem reunidos tendo como único denominador a criatividade.
Um dos principais méritos de "JAM" é o frescor de sua curadoria. Sem qualquer preconceito, a mostra abrange desde flyers (convites) de clubes noturnos até as roupas do darling inglês Alexander McQueen (o polêmico criador agora à frente da maison Givenchy, francesa).
Outros menos conhecidos também aparecem em "JAM", seja sob a forma de vídeo (caso de McQueen), fotos ou mesmo na simples exposição de suas peças.
Fama aqui não quer dizer nada: melhor ainda travar contato com jovens talentos de marcas como Hussein Chalayan, Owen Gaster, Stephen Fuller e Jessica Ogden.
Dedicada a trabalhar com materiais reciclados, Ogden (jamaicana radicada em Londres) estará no Brasil por ocasião da mostra para realizar dois workshops de moda na faculdade Anhembi-Morumbi.
A versão paulistana de "JAM" será instalada no prédio da Cinemateca Brasileira, na Vila Maria na, depois de passar pelo Rio a partir de 22 de abril, no Museu de Arte Moderna. Depois de São Paulo, a exposição segue em junho para a Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, e em julho para Brasília.
Em Londres, a mostra ocupou o privilegiado espaço da Barbican Art Gallery, onde revolucionou também pelas características de sua montagem. Logo à entrada, a foto em enorme ampliação (do ta manho de uma parede) da modelo Kristen McMenamy, feita por Juergen Teller. Com os seios de fora, usando somente um tapa-sexo, McMenamy revela um hematoma sobre o ombro direito e, sobre o peito, um coração desenhado em batom vermelho onde se lê: Versace.
O efeito sobre o espectador é praticamente um susto. E já prepara para o que vem a seguir. Uma trilha incidental em drum & bass -o ritmo da moda em Londres- en volvia toda a mostra, que tem um intenso caráter interativo, subjetiva ou diretamente.
Ícones, imagens manipuladas or computador e outras inovações gráficas introduzem novas linguagens de design e de direção de arte. Nas fotos em 3D do Captain 3D, o visitante observa ravers em clubes noturnos, num efeito mais que apropriado para o assunto. Completam esse segmento computadores para uso de sites específicos na Internet, CD-ROMs e instalações com roupas do gênero streetwear (hypes como Stussy, Hysteric Glamour, Daniel Poole).
Hype é o que não falta, principalmente no material da revista "Dazed and Confused", a nova bíblia do estilo da juventude global.
A modernidade de "JAM" causa controvérsia, entretanto, dentro de segmentos mais conservadores, que se pronunciaram durante a permanência da mostra em Londres, ponderando sobre o valor deste material como arte. "JAM" segue adiante, devastadora, como o furacão jovem (youthquake) que assolou Londres nos anos 60 e, ou tra vez, nestes anos 90.

Mostra: JAM - Style, Music and Media Ingressos: R$ 5,0
Onde: Espaço Cultural Alternativo da Cinemateca Brasileira (largo Senador Raul Cardoso, 207, Vila Mariana)
Quando: 16 e 17 de maio (para convidados) e 18 a 22 de maio (para o público), das 9h às 22h

Texto Anterior: O messias americano e seus astronautas suicidas
Próximo Texto: Estilista vem para workshops
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.