São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 1997 |
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Capital do Zaire pára contra Mobutu
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS A maioria da população de Kinshasa ficou em casa ontem em protesto contra o presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko. A greve na capital do país foi convocada por grupos de oposição.O mais grave incidente do dia na cidade ocorreu perto da casa do ex-premiê Etienne Tshisekedi, destituído semana passada após poucos dias no cargo. Policiais atiraram para cima para dispersar militantes concentrados lá. Tshisekedi é um adversário ferrenho de Mobutu e é candidato a sucedê-lo -a queda do presidente parece iminente porque ele perdeu apoio internacional, está gravemente doente, enfrenta uma onda de protestos de oposição e seu Exército não consegue resistir ao avanço da guerrilha no leste. "O governo já não consegue responder à opinião pública. Se fosse na Europa, ele já teria renunciado", disse Laurent Mbayo, porta-voz da oposição. Lojas, escolas, transporte público e atividades financeiras não funcionaram. Na segunda maior cidade do país, Lubumbashi, o dia também foi de atividades anti-Mobutu. O líder da guerrilha, Laurent Kabila, chegou ontem à cidade pela primeira vez desde que ela foi tomada, na semana passada. Kabila, veterano guerrilheiro de esquerda, desfilou em um jipe entre o aeroporto e o centro da cidade de cerca de 1 milhão de habitantes, em um trajeto com forte esquema de segurança. As igrejas badalaram seus sinos e a multidão gritava o nome de Kabila, que conta com forte apoio popular. Lubumbashi é a capital da Província de Shaba, importante centro minerador. Mas Kabila teve de enfrentar protestos. Algumas facções criticaram-no por designar um novo governador para Província, em vez de convocar eleições imediatamente. O nome do governador, Gaetan Kakudji, foi anunciado no domingo por dirigentes da Aliança de Forças Democráticas pela Libertação do Congo-Zaire, o nome do grupo de Kabila. O grupo anunciara, horas antes, que conquistara a cidade de Kananga, capital da Província de Kasai Ocidental, uma das principais localidades que ainda estavam sobpoder do governo. Não houve confirmação oficial dessa conquista, mas o deslocamento dos rebeldes indica que eles pretendem chegar a Kinshasa a partir do sudeste -o que deve ocorrer em poucas semanas, já que eles não vêm enfrentando resistência armada. Kabila já domina quase metade do Zaire, o terceiro maior país da África. Seu principal objetivo é fazer com que o presidente Mobutu renuncie. No domingo expirou um cessar-fogo de três dias oferecido pelos rebeldes para a renúncia -que não ocorreu. A ONU informou ontem ter encontrado um grupo de 65 mil refugiados hutus no centro do Zaire. Eles se deslocam para o norte, na tentativa de fugir dos homens de Kabila, que são de maioria tutsi (a etnia inimiga). Próximo Texto: Irã reprime protesto em embaixada Índice |
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