São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Deputado diz que RS dará R$ 2 bi à GM

Para secretário gaúcho, número "é delírio"

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

O líder da bancada do PT na Assembléia Legislativa, Flávio Koutzii, disse ontem que o governo gaúcho vai financiar R$ 2 bilhões para a General Motors instalar uma fábrica no Estado.
O deputado fez seus cálculos com base no termo de compromisso apresentado pelo governo no final da tarde de anteontem.
O governo apresentou as mais de 200 páginas de documentos mediante exigência de liminar concedida pela Justiça à ação cautelar do líder petista.
Além dos R$ 253 milhões antecipados para a empresa no último dia 17, o governo, segundo o deputado, terá de desembolsar R$ 265 milhões em empréstimos às fornecedoras de autopeças que se instalarem no complexo automotivo e R$ 1,3 bilhão referente ao Fomentar (financiamento do capital de giro).
No item 17 do protocolo, consta que o Estado estenderá "os incentivos previstos nos itens anteriores (que se referem à fábrica da GM) às operações de fornecedores da GMB".
No item 13 do protocolo, consta que o Estado dará financiamento à GM "em moeda nacional e que será destinado ao capital de giro necessário às atividades desenvolvidas pela GMB em operações que vier a realizar".
Pelo Fomentar, há um financiamento mensal durante os 15 primeiros anos de operação. A GM terá dez anos de carência para iniciar o pagamento e poderá fazê-lo em 12 anos.
"Supondo que a fábrica comece a produzir em 99, a GM começará a pagar o empréstimo em 2009 e terminará em 2036. O valor do financiamento é de 9% sobre o faturamento bruto da empresa (R$ 1 bilhão ao ano), o que significa financiar R$ 90 milhões por ano. Com isso, o financiamento poderá ser usufruído por 15 anos -15 vezes R$ 90 milhões significa cerca de R$ 1,3 bilhão", disse Koutzii. "Somando tudo à infra-estrutura, dá R$ 2 bilhões."
O secretário de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul, Nelson Proença, disse ontem à noite que "o deputado Flávio Koutzii teve um delírio. Os números são absurdos".
Segundo o secretário, o valor de R$ 1,3 bilhão é de incentivos fiscais, ou seja, "não há desperdício, pois o governo estará abrindo mão de uma receita que hoje não tem em troca de empregos e tecnologia", disse ele.
O secretário admite, dos valores divulgados pelo deputado, apenas o empréstimo à vista de R$ 253 milhões.

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