São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Videoclipe de "Discothèque" vem para confundir fãs do grupo U2

ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA

Alguns momentos na história do videoclipe sedimentaram conceitos, informações, estilos e linguagens que depois viriam a se tornar "turning points" do imaginário de suas épocas. "Discothèque", do U2, é um deles.
Com esse filme, a banda amarra sua impecável estratégia de marketing sobre seu novo álbum, "Pop". Ainda, não deixa dúvidas de que atravessou os anos 80, mas é também parte integrante dos 90 (será que ainda havia alguma, depois de "Zooropa"?)
Só para situar, vamos lembrar que a turnê de "Pop" foi lançada numa loja de departamentos (K-Mart): em meio aos outros produtos, os integrantes da banda se apresentavam sob a plaquinha "rock", indicando sua "seção", ao lado da de lingerie, de roupas masculinas etc.
A capa do álbum remete vagamente ao que seria um Andy Warhol futurista, tecnológico, com o rosto dos quatro integrantes digitalizados, batizada de "Popmart".
O clipe, por sua vez, reúne todos esses fundamentos. Supercolorido, explica (ou confunde mais) o universo de "Pop". Dirigido pelo também fotógrafo de moda Stephane Sednaoui, o pós-moderno "Discothèque" traz referências da disco numa faixa que nada disso aponta; ao contrário, puxa de leve características do novo tecno, este misturado às guitarras do rock.
À maneira do brilhantismo de um "Stop Making Sense", o clipe inunda o espectador de dúvidas: por que o Village People, por que o globo de espelhos, por que as dançarinas histéricas; e a pista de dança piscante? O elo de ligação com a disco talvez esteja na simples vontade de perturbar, de provar que eles podem fazer o que quiser, que pouco se importam. De toda forma, um momento excepcional para o rock, para a cultura jovem -e para o pop.

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