São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997 |
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'Multimeios' Gomide volta à cena
PAULO VIEIRA
Uma coleção com 38 obras sobre papel foi comprada pelo galerista Ricardo Camargo antes do último Carnaval. Com mais cinco obras de "amigos", que também colocou à venda, e a edição de um catálogo simples, Camargo montou a exposição. Além das aquarelas sobre papel, há dois óleos sobre tela na exposição. O conjunto revela, principalmente, paisagens de clara inspiração cubista. É notória a influência do ambiente parisiense, onde Gomide passou a década de 20. Boa parte das obras em exibição foi produzida nessa década -e nessa cidade. Em 1924, numa volta à Europa após estudar belas-artes na década de 10 em Genebra, Gomide passou a frequentar os ateliês de Picabia, Picasso, Braque e Lhote. A exposição traz ainda obras de décadas posteriores. "Prostituta", dos anos 40, e "Favela", de 1959, já mostram um artista buscando caminhos longe da geometrização, um traço mais espontâneo, extremamente preocupado com a figura humana. Boa parte das obras em exposição não é autônoma. Há muitos estudos em papel, alguns para vitrais. Ao voltar definitivamente ao Brasil, em 1929, radicando-se em São Paulo, Gomide dedicou boa parte de seu tempo à decoração, projetando vasos e abajures. Também fez vitrais para igrejas. A exposição exibe um estudo para um vitral ("Caçadores") para o parque da Água Branca. A facilidade para trabalhar com tal "suporte" veio do tempo que viveu em Genebra, onde aprendeu a pintar afrescos. Com John Graz, Gomide foi um dos precursores do decô no Brasil. O artista desenvolveu preocupações em diversas áreas: mobiliário, cerâmica, estamparia. Um estudo para estamparia está na mostra. Outro deles, revelando a importância desse meio em seu trabalho, pertence ao acervo do MAC. O galerista Camargo tem uma preocupação prosaica com a mostra: "Quero tentar descolar o Gomide de São Paulo. É incrível como um artista como ele não tenha chegado, por exemplo, a coleções cariocas". Exposição: Antonio Gomide Onde: Galeria Ricardo Camargo (r. Frei Galvão, 121, Jardim Paulistano, tel. 011/211-3879) Quando: seg. a sex., 10h às 19h30; sáb., 11h às 14h. Até 10 de maio Abertura: hoje, 19h Texto Anterior: MIS realiza 1º Moitará da cidade Próximo Texto: Paulinho Boca de Cantor 'ensina' história do samba Índice |
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