São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 1997
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Fogo em Meca mata mais de 200 fiéis

Incêndio deixa 1.290 feridos

PATRICK COCKBURN
DO 'THE INDEPENDENT', EM JERUSALÉM

Um incêndio irrompeu ontem num acampamento na periferia de Meca, na Arábia Saudita, e deixou 217 mortos, segundo a rádio saudita, além de mais de 1.290 feridos.
Primeiras informações diziam que os mortos, em sua maioria, são peregrinos vindos do Paquistão, Índia e Bangladesh para participar do Hajj ("peregrinação", em árabe, ou seja, o período anual dedicado a essa atividade).
Grossas nuvens de fumaça se ergueram sobre as tendas dos peregrinos, enquanto o incêndio se espalhava pelo acampamento, atiçado pelos ventos fortes. Segundo relatos recebidos, o pânico se espalhou entre os peregrinos.
Não se sabe o que originou o incêndio, mas é possível que tenha sido um fogareiro a gás pertencente a um dos peregrinos.
Dois milhões de peregrinos vindos de diversos países muçulmanos estão participando do Hajj este ano. No passado, o número muito alto de visitantes a Meca e a inépcia das autoridades sauditas provocaram desastres nos quais morreram centenas de peregrinos.
Ontem o governo saudita informou apenas que o incêndio começou às 11h45 (5h45 em Brasília), prometendo fornecer mais detalhes mais tarde.
Representantes da Defesa Civil disseram que o incêndio começou num acampamento situado perto de Mina, que fica a 11 km da cidade sagrada de Meca. O embaixador paquistanês teria dito que 30 paquistaneses morreram; o seu colega indiano disse que cem cidadãos de seu país estão entre as vítimas.
Helicópteros foram levados para combater as chamas. "Ainda vejo a nuvem de fumaça negra, e já faz quatro horas que começou", disse um observador local. Segundo informações de testemunhas, o incêndio teria sido apagado cinco horas depois de ter começado.
Os detalhes conhecidos sobre o incidente são poucos. A agência saudita de notícias informou que o incêndio começou na ponte entre Meca e Mina. Segundo outra fonte, teria começado devido ao mau funcionamento de uma unidade de ar condicionado do local.
Normalmente, cada nacionalidade tem seu próprio acampamento. Cerca de metade dos 2 milhões de peregrinos é de sauditas, e o restante vem de diferentes países. Este ano há mais ou menos 60 mil iranianos. O Hajj é o quinto pilar do islamismo, que pede a todo muçulmano, com condições de fazê-lo, que visite pelo menos uma vez na vida a Caaba, a pedra negra sagrada de Meca.
Antes de ingressar na cidade, os homens vestem uma roupa feita de um pano branco sem costuras. As mulheres usam suas roupas habituais. Já em Meca, os peregrinos andam em volta da Caaba sete vezes, em sentido anti-horário.
Entre os outros rituais figuram a subida do monte Arafat, a leste de Meca, entre o meio-dia e o pôr-do-Sol. Os peregrinos também devem atirar pedras contra três pilares que representam o diabo, em Mina, perto de onde ocorreu o incêndio de ontem.

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