São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Medo de ato violento reforça segurança

WILLIAM FRANÇA; SÔNIA MOSSRI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O receio de que a manifestação dos sem-terra e de outros setores que se agregaram à marcha do MST (servidores públicos, estudantes, desempregados) assuma características de um protesto violento levou o governo a reforçar a segurança em vários prédios públicos desde ontem.
A preocupação com a segurança é tanta que o Exército, desde a última segunda-feira, colocou mais de 5.000 homens em prontidão no Distrito Federal.
Prontidão é o estado de alerta de unidades militares em que a tropa não pode se afastar do quartel.
O edifício do Ministério da Educação e do Desporto (MEC) está desde ontem pela manhã ocupado por homens do Batalhão da Guarda Presidencial, do Exército. O gabinete do ministro Paulo Renato Souza é guardado por agentes da Polícia Federal.
O MEC receia que aconteça hoje o mesmo que foi registrado semana passada em São Paulo, quando estudantes secundaristas destruíram parte do prédio da Delegacia Regional do ministério.
Às 10h30 de ontem, estavam no hall do ministério 13 soldados armados com fuzis, máscaras contra gás e bombas de efeito.
Planalto
A segurança ao Palácio do Planalto foi reforçada desde ontem, com aumento da tropa. O mesmo foi feito em relação ao Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, negou que esteja sendo feito reforço da segurança por causa da marcha dos sem-terra. "O presidente acredita na palavra dos líderes do movimento que a marcha é pacífica. A segurança será normal", afirmou.
Quanto a eventual participação de outros grupos durante a realização da marcha, Amaral disse que isso seria uma questão para o governo do DF e para os próprios sem-terra. "Eles não vão querer infiltrações de pessoas estranhas que não caracterizem seu movimento", afirmou o porta-voz.
Divergência
A Folha apurou que o Exército considera perigosa a decisão do governo do DF de permitir que os sem-terra atravessem a Esplanada dos Ministérios empunhando foices e enxadas.
Para os militares, isso significa falha na segurança. A avaliação é de que esses objetos podem se transformar em armas no caso de eventuais conflitos com policiais.
O argumento do Exército não conseguiu convencer a assessoria do governador Cristovam Buarque (PT).
(WILLIAM FRANÇA e SÔNIA MOSSRI)

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