São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Debate na Câmara vira ato contra venda da Vale

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um debate público sobre a privatização na Câmara se transformou ontem em uma manifestação com cerca de 600 pessoas contra a venda da Companhia Vale do Rio Doce.
Na manifestação, o presidente de honra do PDT, Leonel Brizola, chegou a defender a destituição do atual governo. "Acho que o povo brasileiro precisa pensar seriamente em destituir esse governo."
Metalúrgicos, petroleiros, representantes dos sem-terra e funcionários públicos lotaram o plenário da Câmara e as galerias no final da manhã e, gritando palavras de ordem, interromperam o palestrante Márcio Fortes, secretário da Indústria e do Comércio do Rio.
O deputado Prisco Viana (PPB-BA), que presidia a sessão, pediu que os manifestantes seguissem as normas da Câmara. Os manifestantes pararam de gritar, mas ficaram de costas para Fortes quando ele recomeçou a falar.
Ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Fortes disse que os manifestantes não estavam preparados para participar do debate na Câmara: "Eles acharam que estavam em uma assembléia".
A entrada dos manifestantes foi negociada pelo deputado petista Luciano Zica (SP) com o presidente da Câmara, Michel Temer. Segundo Zica, o discurso de Fortes começou de forma provocativa: "Ele desqualificou quem era contra, dizendo que era um atraso".
Brizola
Leonel Brizola discursou depois da palestra de Fortes e atacou o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Comunicações, Sérgio Motta.
"Francamente, desconfio da inteireza mental do senhor Fernando Henrique Cardoso. Acho que ele não está em condições de governar esse país", disse Brizola. "Ele é incapaz de raciocinar."
Brizola também criticou o ministro Sérgio Motta: "Os que o rodeiam são do mesmo estofo, colocando o presidente numa situação vexatória e vergonhosa, que mais complica os seus desacertos -como é o caso desse ministro das Comunicações. Só um presidente que não tem autoridade deixaria de demitir e defenestrar esse ministro".
FHC e Sérgio Motta não responderam aos ataques de Brizola até o fechamento desta edição.

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