São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Policias são acusados de desviar droga

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público denunciou um tenente, um sargento e dois soldados da PM de São Paulo sob a acusação de eles terem se apropriado de 45 quilos de maconha e exigido suborno de R$ 27 mil para não prender um traficante.
O crime aconteceu em 30 de janeiro de 1996. Os policiais e o suposto traficante negaram os crimes em seus depoimentos às polícias Militar e Civil e à Justiça.
Segundo a denúncia do promotor Orion Pereira da Costa, da 2ª Auditoria do TJM (Tribunal de Justiça Militar), às 23h30, o tenente Maximiliano Oliveira Alves, o sargento Joel Moraes de Oliveira e os soldados Carlos Celso Coelho e Marcelo Bueno de Araújo localizaram aproximadamente cem quilos de maconha na rua Afonso Vaz, no Butantã (zona oeste de SP).
A droga pertenceria a Antônio Carlos Souza Del Rey. Conhecido como "Biro-Biro", Del Rey teria deixado a droga em poder de seu gerente, o adolescente C.E.M., 17, principal testemunha do caso.
Após o encontro da droga, os policiais teriam parado uma Saveiro que passava pelo local e obrigado o motorista do carro, Wilson Gonçalves Pinto, a descer.
Pinto e um amigo teriam sido obrigados a entrar em um carro da PM e permanecido detidos enquanto os policiais, segundo a denúncia, usavam o carro para transportar a droga apreendida.
Quatro horas e 50 minutos depois, os PMs apresentaram 55 quilos de maconha ao delegado de plantão do 51º DP (Butantã). Segundo a promotoria, o resto foi levado pelos PMs na Saveiro e vendido a outros traficantes.
Eles não levaram Del Rey ao 51º DP, segundo a denúncia, porque "os acusados, liderados pelo tenente, exigiram R$ 150 mil".
O adolescente disse ao depor que foi encarregado por Del Rey para fazer os contatos com os PMs. Uma semana após a apreensão, C.E.M. diz ter entregue o dinheiro na Praia Grande (SP).
Segundo a denúncia, durante a negociação a propina foi reduzida para R$ 27 mil. Além do dinheiro, o tenente também receberia uma casa de Del Rey na Praia Grande.
Dey Rey está sendo processado na Justiça comum sob a acusação de tráfico de entorpecente. Ele negou o crime ao ser interrogado.
O tenente negou as acusações de tráfico e o recebimento de propina. Disse desconhecer o adolescente e não ter transportado a droga na Saveiro. O mesmo afirmaram os três outros PMs.
(MG)

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