São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Possível milagre

CARLOS SARLI

O título da coluna é de um livro cujo autor, Mahlon Johnson, é portador do vírus HIV. Patologista, ele decidiu usar seu conhecimento médico e viver.
O doutor Johnson não é parente de Magic, o astro do basquete que, na semana passada, teve divulgado seu sucesso no combate à doença. Milagre, mágica, os casos se multiplicam. A melhor explicação para a superação é a determinação, a fé, dos portadores do vírus.
Nesta semana, recebi um mail que falava de um atleta universitário americano. Diagnosticado com Aids, pensou que a vida terminaria ali. O médico alertou para o fato de que ele morreria se continuasse a correr.
Sem saber o que dizer aos colegas sobre seu afastamento da equipe de corredores da universidade, ele quebrou propositadamente o pé. Foi quando ele soube de Jim Howley.
Diagnosticado com Aids em agosto de 1989, Howley tem lutado contra a doença da forma mais agressiva possível: ele se tornou triatleta. No começo, mal conseguia correr em volta do quarteirão ou nadar de uma borda à outra da piscina. Mas persistiu.
No ano passado, Howley completou o Ironman do Havaí em 14 horas e 44minutos. Não bastasse, na semana seguinte estava em Nova York correndo a maratona da cidade.
Contrariando os médicos, Howley foi mais longe. Seu novo projeto, batizado "The Polar Transcontinental Triathlon for Life", consiste em pedalar, correr e nadar de Los Angeles até o outro extremo americano.
O que ele pretende com isso? Tocar as pessoas, deixar que outros nas mesmas condições saibam que eles não devem se fechar para a vida. Com nosso amigo universitário funcionou. Ele contratou um treinador particular e voltou a correr.
Atitudes como essas mostram o que pode ser a nova cara do portador do vírus HIV. Gente que vive com Aids e não morre com ela.

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