São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997
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Vítima diz que havia mais de 10 PMs

CRISPIM ALVES
MARCELO GODOY

CRISPIM ALVES; MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Testemunhas de acusação prestaram depoimento e reconheceram PMs acusados de morte e agressão

O vendedor Antônio Carlos Dias, agredido por policiais militares na favela Naval, em Diadema, disse ontem em depoimento que havia mais de dez PMs na operação policial do dia 7 de março, que resultou na morte do conferente Mário José Josino.
Dias, que estava no carro com Josino, foi a primeira das cinco testemunhas de acusação a depor ontem à juíza Maria da Conceição Vendeiro, no Fórum de Diadema.
Os dez PMs presos pela morte de Josino também estavam no Fórum. Dos dez, Dias reconheceu apenas dois -Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, e Nélson Soares da Silva Júnior.
Segundo ele, somente após ter parado o carro é que apareceram os outros PMs. Gambra e Silva Júnior pediram os documentos, que foram entregues. Dias afirmou que nesse momento um quarto PM - que ele não soube reconhecer ontem- esbofeteou Caput.
Quando os policiais pararam de bater em Caput e liberaram os três, antes de entrarem no carro, Silva Júnior teria dito: "Agora todo mundo vai apanhar".
Segundo Dias, enquanto dava ré no carro, Caput disse para os PMs que havia gravado o número do carro da PM.
Assim que o carro se deslocou, Dias ouviu o primeiro disparo. "Abaixei e puxei a cabeça do Jefferson para baixo. Ouvi uns três tiros. Depois, me virei para trás e perguntei para Mário se ele estava bem. Ele disse que havia sido atingido." Depois disso, seguiram imediatamente para o hospital.
Caput, durante seu interrogatório, confirmou as informações de Dias. "Fui agredido pelo soldado Gambra no momento em que dizia que não tinha entorpecente."
Ele disse que nesse momento levou um golpe de cassetete no peito de Rambo, que passou a espancá-lo junto com Silva Júnior.
Caput disse também que não anotou o prefixo do carro da polícia. Ele afirmou ter dito isso porque estava com raiva. Caput também reconheceu Gambra e Silva Júnior durante seu depoimento.
Durante todo o depoimento, a linha da defesa era desacreditar as testemunhas, alegando que elas estavam bêbadas, eram traficantes e indagando se as mesmas contrataram o cinegrafista. Dias e Caput negaram todas essas indagações.
Anastácia Bolgar, mulher de Caput, terceira pessoa a depor, reconheceu durante seu depoimento três policiais que estavam no local: Rambo, Silva Júnior e Maurício Louzada. Ela também reconheceu o sargento Reginaldo José dos Santos, que estava no hospital.

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