São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Bebê 'preguiçoso' requer cuidado até parto

JAIRO BOUER
ESPECIAL PARA A FOLHA

Bebês mais "preguiçosos", que insistem em ficar na barriga da mãe por mais de 40 semanas, precisam ser "vigiados" com regularidade até o momento do parto.
A chance de complicações após as 40 semanas aumenta. A placenta fica velha e o bebê pode ter um fluxo de sangue insatisfatório através do seu cordão umbilical.
Assim, uma monitorização cuidadosa do feto pode identificar sinais precoces de irrigação inadequada, que traz risco de vida e de sequelas para a criança.
A gestação humana demora 40 semanas. Rita de Cássia Sanchez, especialista em medicina fetal, explica que hoje, na prática, poucos obstetras deixam a gestação se prolongar por mais do que esse tempo. Os riscos acabam fazendo o médico optar por induzir o parto normal (com medicamentos) ou fazer cesárea ao término do prazo.
Não se sabe exatamente por que um bebê "atrasa". Rita diz que a demora é mais frequente nas mulheres que estão tendo seu primeiro filho. Tanto é assim que, nas contas feitas pelos obstetras para verificar a data provável do parto, as mães de primeira viagem têm quatro dias adicionais na conta.
A partir de 40 semanas, a placenta -estrutura compartilhada pela mãe e pelo bebê- começa a "envelhecer". Por meio da placenta o feto recebe oxigênio e sangue. O envelhecimento pode causar queda no fluxo de sangue para o bebê.
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Uma série de exames devem "monitorar" o estado do feto ao final das 40 semanas.
O ginecologista e obstetra Alexandre Ades, pós-graduando do Hospital das Clínicas da USP, explica que o obstetra checa a quantidade de líquido amniótico dentro do útero, os movimentos do feto, o tônus (rigidez) da criança, seus batimentos cardíacos e movimentos respiratórios.
Pouco líquido, diminuição do tônus e da movimentação, redução no ritmo dos batimentos cardíacos e movimentos respiratórios são sinais de que a criança começa a enfrentar falta de oxigenação.
O doppler (exame feito através do ultra-som) é o recurso mais preciso para avaliar o fluxo de sangue nas artérias da mãe e do feto.
O estado de saúde da mãe também deve ser observado. Qualquer elevação da pressão arterial, por exemplo, é um sinal de que a gestação com mais de 40 semanas deve ser interrompida.
O bebê que nasce com mais de 40 semanas tem aparência um pouco diferente. Ele nasce maior, mais "enrugado", com unhas mais longas e pregas das mãos e pés com sulcos mais profundos. Ades diz que, depois do parto, não há maiores riscos para o bebê "atrasado".

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