São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997 |
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Mercosul adere tese canadense para Alca Proposta é só discutir os temas a partir de 98 DENISE CHRISPIM MARIN
A flexibilização da posição do Mercosul deve ser negociada alguns dias antes da reunião de ministros de Comércio dos 34 países, que ocorre entre 13 e 15 de maio em Belo Horizonte (MG). A Folha apurou que essa decisão poderá prevalecer se os demais países da Alca concordarem em fazer alterações pontuais na proposta do Canadá. A idéia apresentada pelos canadenses na reunião de vice-ministros do Comércio em fevereiro, em Recife (PE), é iniciar a negociação de todos temas envolvidos na Alca ao mesmo tempo, a partir de 1998. O Mercosul está disposto a dizer tudo bem, desde que qualquer país possa alegar que a negociação de um tema depende da conclusão da discussão de outro. Essa alternativa permitiria maior linearidade no modelo de negociação proposto pelo Canadá. Seria principalmente uma forma o Mercosul e os Estados Unidos deixarem a briga pela aplicação de seus cronogramas para depois de 1998. Acordo manco Outra alteração na proposta canadense diz respeito ao prazo final das negociações. O Canadá quer terminar em 2003, para implementar da Alca dois anos depois. O Mercosul não imagina colocar ponto final nas discussões antes de 2005, quando começaria a aplicação gradual e sem pressa do acordo de livre comércio. Dessa forma, o acordo manco fechado pelos vice-ministros de Comércio na semana passada, no Rio, chegaria a Belo Horizonte com um pouco mais de equilíbrio. O suficiente, pelo menos, para os ministros anunciarem que, definitivamente, o início das negociações da Alca será em 1998 e a conclusão provável, em 2005. Para o Mercosul, não interessa a negociação apressada da Alca, sob o toque de caixa dos Estados Unidos. Esse, por exemplo, é o discurso do ministro das Relações Exteriores, Luiz Felipe Lampreia. Alternativas Se houver consenso sobre a pressa, melhor alternativa para o Mercosul seria esquecer a Alca e caminhar com os acordos bilaterais de livre comércio com os países da América e com a União Européia. O Mercosul sabe que também será prejudicado na negociação da Alca caso não consiga o recuo dos EUA na política comercial que protege seus setores produtivos. No caso do Brasil, o temor do desequilíbrio nas negociações é bem claro. De 1988 a 1995, a tarifa média importação caiu de 41% para 12,6% -fato que, aliado ao aumento da demanda interna, provocou aumento das importações. Apesar da abertura, não houve nenhuma contrapartida dos EUA. Vários produtos do Brasil -como os siderúrgicos e suco de laranja- continuam sem acesso ao mercado norte-americano por causa das barreiras comerciais. O Brasil se deu conta que falta competitividade até mesmo para os setores nacionais que contam com alto potencial exportador. Precisa de tempo para ampliar escalas de produção, melhorar a qualidade e treinar mão-de-obra. Isso tudo, antes que os produtos norte-americanos e canadenses possam entrar no mercado brasileiro em condições mais favoráveis que as atuais -como prevê a Alca. Texto Anterior: Quando o Rio voltou a ser Rio Próximo Texto: Menores de 30 estão mais pobres Índice |
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