São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Pesquisador diz ter cura "milagrosa" da artrite

JOSÉ REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Num país que, como os Estados Unidos, tem, segundo Frederic Golden ("Times"), cerca de 16 milhões de artríticos e osteoartríticos, não deveria ser necessário investir grande soma na propaganda de lançamento de livro sobre a cura da artrite.
Mas Jason Theosakis, jovem médico especializado em medicina preventiva e esportiva, é desses que acreditam que o excesso não prejudica (minha avó dizia que o que é demais enjoa), e, por isso, investiu pesado no lançamento do seu livro "The Arthritis Cure" (St. Martins' Press).
Tinha uma razão a mais para esperar a venda de 100 mil exemplares da primeira tiragem: é que ele se apresentava na TV escalando penhascos e fazendo exercícios que exigem a mobilidade das juntas.
Ao mesmo tempo, contava que, alguns meses antes, estava praticamente paralisado pela osteoartrite, que o limitava ao uso de muletas e, eventualmente, cadeiras de rodas. Dizia que o novo remédio produzira um verdadeiro "milagre".
E esse "milagre" residia em dois suplementos alimentares que tomava junto com as refeições: a glicosamina e o sulfato de condroitina, substâncias fabricadas pelo próprio organismo, e que formam o revestimento da cartilagem articular.
O primeiro estimula a produção das unidades da cartilagem, enquanto o segundo bloqueia as enzimas que decompõem a cartilagem velha.
O "milagre" já era conhecido na Europa desde 1980, sendo usado para tratamento da artrite de cães e cavalos, uso também aplicado nos EUA.
Desanimado com as terapias convencionais, Jason decidiu recorrer a um sistema baseado em duas partes: a primeira consistia nas receitas convencionais (gelo, antiinflamatórios, exercícios, alimentação adequada etc); a segunda eram dois aditivos alimentares em pílulas.
É oportuno lembrar que não se deve confundir a osteoartrite, resultante do desgaste das articulações pelo uso, com a artrite reumatóide, afecção totalmente distinta e auto-imune, isto é, na qual as defesas específicas do organismo se voltam contra certos tecidos, atacando-os e lesando-os. Muito ainda precisa ser explorado no tratamento recomendado por Jason. Como os efeitos alegados são muitos, é necessário separá-los por sério estudo estatístico que se acha em andamento.
É um ensaio chamado "duplocego", no qual nem os médicos que dão os remédios aos pacientes sabem se trata-se de placebo ou remédio.

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